domingo, 1 de julho de 2012

Convém Explicar... Durga Outra Vez

Terminei o último post comentando sobre a importância de não nos tornarmos excessivamente pacíficos diante do Mal, sob pena de acabarmos passivos. Mas acho prudente explicar isto aqui um pouco melhor, pois sempre haverá aquele leitor mais apressadinho que poderá julgar que estou endossando a violência - e é justamente o contrário disto! Se não, vejamos...

... dê uma olhada a sua volta, no jornal de hoje por exemplo, e depois vá assistir a um programa sobre o mundo animal. Do ponto de vista de morte e violência, quais são as semelhanças entre um psicopata cruel e uma leoa caçando? E qual a diferença? As semelhanças são a estratégia, o controle "emocional", a "escolha cuidadosa do alvo" e a morte certeira da vítima. A diferença é uma só: a motivação! Enquanto a leoa o faz com o consentimento da Mãe Natureza seguindo o princípio básico de que a vida se alimenta da morte (mesmo que seja de um pé de alface, viu?!), o psicopata o faz para mostrar seu poder, eliminar o 'inimigo' e sentir prazer com esta eliminação. E a motivação é também o que diferencia um ato de vingança de uma atitude protetora, defensiva e/ou restritiva do Mal, seja ele físico, emocional e/ou espiritual. 

Diante de um ataque espiritual, especificamente falando, é justamente a atitude emocional de quem reage que faz a maior diferença. Quando lembramos da história de Durga partindo para a batalha, encontramos ali um modelo bastante adequado para nossas reflexões. Ela o faz não por desejo de vingança ou com ódio no coração: segue um pedido de outros deuses e entra na guerra apenas para restabelecer a ordem do mundo. Em algumas versões do mito, quando Ela se transforma em Kali e se embriaga com o sangue do demônio, faz com que Shiva precise intervir para que Sua Dança frenética e sua "sede de sangue" não destrua tudo o mundo. 

Do ponto de vista da mentalidade ocidental, esta versão pode parecer pouco gentil com minha Mãe Divina, mas é uma representação perfeita para nos mostrar que existe um limite para travarmos uma "batalha" - e que este limite é justamente quando deixamos de agir motivados pela certeza de que estamos apenas colocando as coisas nos seus devidos lugares e passamos a agir motivados pela "paixão cega de vingança". Sei muito bem o quanto é difícil controlar nosso emocional e não cruzar esta tênue linha quando quem está sendo atacado é alguém que amamos ou admiramos. E que justamente esta dificuldade faz com que muitas vezes nos tornemos passivos e acreditemos que apenas vibrando amor conseguiremos consertar tudo. Lamento informar, mas diante do Mal Verdadeiro - assim mesmo, em caixa alta - as coisas caminham de forma bem diferente e as providências precisam ser mais ativas e contundentes. Mas em nenhuma hipótese com envolvimento emocional, sob pena de mudarmos de lado sem percebermos...