quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Vai Piorar!

Lei fundamental da magia: cuidado com o que você pede, porque pode acabar conseguindo! E eu, que presto muita atenção nesta lei antes de "abrir a minha boca", mesmo mentalmente, para pedir até uma balinha, ainda assim atirei no que vi e acertei no que nem imaginava...

No início do ano participei de um workshop xamânico para a confecção de um Xale Sagrado. No segundo encontro verbalizei um comentário que criou, imediatamente, o compromisso de fazer mais dois Xales, totalizando três. Até aí tudo bem e no mês passado decidi começar o segundo. Ganhei de uma paciente que foi na África um tecido maravilhoso e resolvi fazer dele um Xale para dar de presente a uma tia, que foi um apoio fundamental nos primeiros anos do meu trabalho, e que também é uma curadora. Como estava sentindo uma necessidade de compreender melhor o sentido real da palavra compaixão, resolvi que dedicaria este à Mãe Kwan Yin, que é a Mãe Compaixão por excelência.

Todas estas decisões já haviam sido tomadas quando fui olhar a minha próxima revolução solar e vi que estaria com Peixes no Ascendente. E Peixes é justamente o signo ideal para se trabalhar a compaixão! Peixes é regido por Netuno e eu tenho Netuno Natal na Casa I, fazendo aspecto com vários planetas, incluindo a Lua Natal - portanto, esta revolução solar estaria reforçando uma qualidade natural do meu Mapa. Além isto meu Peixes Natal está Casa V (da expressão criativa e, por ampliação, expressão do Eu) e, para arrematar, Vênus em conjunção com o Ascendente (Vênus com o planeta do amor e o Ascendente como a linha de interaração entre os mundos internos e externos). Juntando tudo no caldeirão, eu já havia concluído que este era mesmo um bom momento para este aprendizado, mas na segunda passada - para fechar de vez a questão - fui levada pela Mãe Divina a participar de um ritual de Hécate que depois percebi que aconteceu no momento exato no qual a conjunção Lua e Vênus transitava pela minha Casa IX (espiritualidade) em Câncer (o signo da Mãe) e faziam um trígono exato com Netuno Natal. Um mínimo de conhecinento de astrologia mostram o tanto que este momento astrológico de minha vida está belo...

... Mas esta beleza toda tem um custo: um aumento exagerado no meu nível de sensibilidade. Percebam que com Netuno em I, Peixes em V e Vênus no Ascendente eu posso dizer que tenho um grau bastante interessante de amorosidade, sensibilidade e compaixão. Mas o que eu pedi para Kwan Yin quando resolvi fazer um Xale com ela foi que ela me ensinasse a fazer com que esta amorosidade e esta sensibilidade não me machucassem tanto em alguns momentos. Isto porque tanto eu quanto meus guias entendemos que existe uma diferença significativa entre compaixão verdadeira e emotividade  inútil. A primeira constrói e alimenta tanto aquele que é beneficiado por ela, quando quem a sente; a segunda apenas leva ao desequilíbrio mental e emocional de quem sente e é de pouca utilidade para quem precisa de ajuda. Isto para mim é muito claro; mas também era e é muito claro que se o meu sistema imunológico fica afetado de forma negativa pelo meu trabalho, isto é indicativo irrefutável de que não estou sentindo compaixão do jeito certo, pois as pesquisas já provam o que os mestres dizem há milênios: ajudar aos outros faz bem a quem ajuda - e não mal! Portanto, por menos perceptível que seja para o paciente, o fato é que eu estou fazendo por ele menos do que poderia se já tivesse aprendido esta lição - e foi a isto que eu me propus...

... há no meu condomínio dois cães de rua e pelo menos um dele foi claramente abandonado na rua depois de já ter tido um dono. Eles são companheiros inseparáveis e é perceptível que um toma conta do outro. Desde que comecei o Xale, vê-los na rua começou a me incomodar e ontem, quando decidi pôr uma fita para eles, pedindo a Kwan Yin que tivesse compaixão de seu abandono, prorrompi num choro compulsivo. Hoje decidi que precisava tomar uma atitude e decidi que vou passar a alimentá-los e dar água pelo menos uma vez ao dia. Na volta para casa, quanto mais ia chegando perto de onde eles estavam, mais emocionada eu ficava e, para meu próprio espanto, me peguei tentando achar um abrigo para eles de uma hora para outra. Depois que dei a ração e cheguei em casa - ainda perplexa com o meu estado - perguntei à minha mentora o porque de eu ter ficado tão "fora da casinha" com uma situação que eu mesma já vivi outras vezes (resgatar cães na rua é mais ou menos um hobby) e a resposta dela veio no estilo que costumo dar a meus pacientes; bem humorada, mas também bastante precisa: "Não desanima não; vai piorar! Você pediu para aprender sobre Compaixão Verdadeira, aquela que recolhe a dor mas não interfere no Destino e nem retira o aprendizado. E não haveria aprendizado numa área que você consegue interferir pouco; tinha que ser em um ponto no qual você ainda está lá atrás na lição." E eu, para não ficar por baixo no bom humor, dei a única resposta viável: "Vixi!, me lasquei!"


domingo, 1 de julho de 2012

Convém Explicar... Durga Outra Vez

Terminei o último post comentando sobre a importância de não nos tornarmos excessivamente pacíficos diante do Mal, sob pena de acabarmos passivos. Mas acho prudente explicar isto aqui um pouco melhor, pois sempre haverá aquele leitor mais apressadinho que poderá julgar que estou endossando a violência - e é justamente o contrário disto! Se não, vejamos...

... dê uma olhada a sua volta, no jornal de hoje por exemplo, e depois vá assistir a um programa sobre o mundo animal. Do ponto de vista de morte e violência, quais são as semelhanças entre um psicopata cruel e uma leoa caçando? E qual a diferença? As semelhanças são a estratégia, o controle "emocional", a "escolha cuidadosa do alvo" e a morte certeira da vítima. A diferença é uma só: a motivação! Enquanto a leoa o faz com o consentimento da Mãe Natureza seguindo o princípio básico de que a vida se alimenta da morte (mesmo que seja de um pé de alface, viu?!), o psicopata o faz para mostrar seu poder, eliminar o 'inimigo' e sentir prazer com esta eliminação. E a motivação é também o que diferencia um ato de vingança de uma atitude protetora, defensiva e/ou restritiva do Mal, seja ele físico, emocional e/ou espiritual. 

Diante de um ataque espiritual, especificamente falando, é justamente a atitude emocional de quem reage que faz a maior diferença. Quando lembramos da história de Durga partindo para a batalha, encontramos ali um modelo bastante adequado para nossas reflexões. Ela o faz não por desejo de vingança ou com ódio no coração: segue um pedido de outros deuses e entra na guerra apenas para restabelecer a ordem do mundo. Em algumas versões do mito, quando Ela se transforma em Kali e se embriaga com o sangue do demônio, faz com que Shiva precise intervir para que Sua Dança frenética e sua "sede de sangue" não destrua tudo o mundo. 

Do ponto de vista da mentalidade ocidental, esta versão pode parecer pouco gentil com minha Mãe Divina, mas é uma representação perfeita para nos mostrar que existe um limite para travarmos uma "batalha" - e que este limite é justamente quando deixamos de agir motivados pela certeza de que estamos apenas colocando as coisas nos seus devidos lugares e passamos a agir motivados pela "paixão cega de vingança". Sei muito bem o quanto é difícil controlar nosso emocional e não cruzar esta tênue linha quando quem está sendo atacado é alguém que amamos ou admiramos. E que justamente esta dificuldade faz com que muitas vezes nos tornemos passivos e acreditemos que apenas vibrando amor conseguiremos consertar tudo. Lamento informar, mas diante do Mal Verdadeiro - assim mesmo, em caixa alta - as coisas caminham de forma bem diferente e as providências precisam ser mais ativas e contundentes. Mas em nenhuma hipótese com envolvimento emocional, sob pena de mudarmos de lado sem percebermos...


sexta-feira, 29 de junho de 2012

Grito de Guerra

Minha linda Mãe Divina, em sua forma de Durga, paramentada para a batalha, vence o demônio Rambha. 



Muito silêncio entre o último post e este, eu sei! Mas desde janeiro me via em um conflito ético que apenas hoje minha comadre (sempre a comadre!) conseguiu me ajudar a resolver: como comentar e contar todas as coisas fortíssimas que andaram acontecendo comigo em termos de magia nos últimos meses e, ainda assim, manter o devido respeito a um pedido explícito de sigilo? Saia justíssima (!) da qual só posso sair parcialmente, ou seja, contando apenas alguns fragmentos e deixando para o leitor a curiosidade e a criatividade necessárias para preencher as lacunas. 


A primeira coisa que preciso dizer é que mesmo sendo uma bruxa solitária e tendo declarado que não tinha a intenção de mudar este meu "status", acabei mudando de idéia e me juntei a um grupo de mulheres - especificamente um grupo de Anciãs. Não foi algo que eu procurei, mas aconteceu como uma espécie de consequencia energética, ou "resposta" que a Deusa deu para a força e a intensidade dos meus rituais - alguns deles bem descritos nos posts do ano passado. Não posso dizer como estas mulheres me acharam (seria tentador dizer que elas estavam entre os quase dois mil acessos deste blog, mas não seria a verdade!), e nem como trabalha esta egrégora, pois há uma advertência explícita para mantermos tudo o que diz respeito a nós apenas entre nós. E isto é tudo o que eu posso e quero dizer a este respeito de forma direta. 


Mas posso dizer que foi graças a esta egrégora da qual participo desde janeiro que consegui forças para auxiliar uma pessoa muito importante para a Mãe Divina - que ficou sob ataque espiritual e temporariamente sem conseguir pedir socorro para o seu próprio grupo. O lado guerreiro de minha amada Durga, de minha amada Kali que não se permite ilusões, de minha Iansã que não aceita covardias e nem ataques espirituais "passivamente", foi lindamente estimulado pela participação em um grupo de anciãs intimoratas. Não que eu tivesse invocado minhas irmãs ou colocado para elas a questão pessoal de outra mulher; mas o simples fato de me saber conectada a um grupo de Guerreiras me fortaleceu emocionalmente para tomar as decisões que tomei e bancar o que banquei. E quem eu realmente invoquei e coloquei para fazer aquilo que eu não tinha condições de fazer sozinha foi um outro grupo - este de espíritos -que desde eras findas me acompanha e tenta (Ah!, como tenta!) me ajudar a evoluir. Banhados na sabedoria dos tempos e profundos conhecedores da Alta Magia, eles são meus mestres, meus guias e meus instrutores. E estão a disposição de quem com eles se sintonizar para pedir ajuda.




... Esta história toda me fez refletir sobre a importância de saber dar um belo e sonoro grito de guerra e partir com unhas e dentes para defender algo ou alguém. Sim, há muito espaço no mundo para a Paz e a Harmonia... mas há mais espaço ainda para a Guerra, principalmente em um planeta que está passando por um processo de reformulação e parece que teve todas as portas dos infernos abertas! Quando mais o tempo passa, mais fica claro que existem muitas almas realmente daninhas encarnadas passeando daqui para ali fazendo gato e sapato da Mãe Terra. Mas eu tenho a sensação, no consultório, que para cada 'espírito de porco' encarnado, existe pelo menos meia dúzia de desencarnados avidamente interessados em colocar o Planeta fora dos trilhos de vez... para a grande perplexidade de seres que aqui estão justamente para tentar ajustar o que foi estragado...


... as mulheres - e também os homens que podem ser chamados de Guerreiros de Luz - têm algumas vezes a tendência de achar que as forças negativas podem ser combatidas apenas com Amor e Paz. Mas esta é uma estratégia perfeita quando o que nos 'ataca' é apenas uma vítima de algum desequilíbrio emocional. Alguém que em sua confusão mental direciona as projeções do próprio inconsciente sobre nós pode ser curado com Hoponopono, Reiki, Passes Magnéticos, Rituais de purificação ou qualquer outra técnica luminosa que o reequilibre. Mas estas técnicas são completamente inúteis quando o que vem em nossa direção é um ser enfurecido de ódio, um "Barba Azul" personificado, um mago negro empedernido ou - como no caso que testemunhei estes dias - um grupo de espíritos maus e mesquinhos e bem organizados a quem pouco interessa perder espaço para o Sagrado Feminino. Quando quem está do outro lado é um "demônio", manda a prudência que nos apossemos de todas  as nossas armas e partamos preparadas para 'cortar cabeças e beber o sangue maldito' - exatamente como Durga/Kali no campo de batalha. 


... Em um nível de absoluta Transcendência, Bem/Mal e Bom/Mau se diluem e deixam de existir. Na prática é como eu digo aos meus pacientes: ou eles acreditam em um Ser Superior ou não - sem meio-termo. E por "sem-meio-termo" quero dizer que em um nível profundo precisamos ter a humildade de aceitar que, por menos que nós compreendamos, até mesmo aquilo que consideramos ser ruim e destrutivo vem da mesma Fonte do bom e construtivo. Mas também precisamos ter a humildade de aceitar que nós ainda não atingimos a transcendência e precisamos ser honestos com nosso verdadeiro estágio evolutivo. Na guerra entre o Bem e o Mal, tomar posição e empunhar armas é fundamental, pois se formos pacíficos demais, delicados demais, conciliadores demais com os "demônios" acabaremos como simples mártires de uma batalha perdida - e nada mais.



quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Resgate da Alma

No xamanismo existe um fenômeno chamado 'a perda da alma' que se dá como decorrência de um grande trauma. Falando de forma bem resumida, segundo os xamãs nos momentos de intenso sofrimento emocional a alma pode separar-se do corpo e as consequências disto seriam, dentre outras, uma vida sem sentido, uma vida meramente 'de corpo presente"... Como psicanalista posso dizer que concordo com a existência deste fenômeno, mas nunca - até esta Lua Negra - havia me passado pela mente que não somente pessoas podem 'perder a alma', mas também nacões inteiras! Explicando o causo:

Estava eu tramando um xale no tear para as 13 Mães Ancestrais e fazendo preces e invocando sua proteção quando comecei a sentir seus espíritos a meu redor. Comecei a conversar com elas em uma língua da mente, que não consigo descrever. Falamos de muitas coisas e eu comentei sobre as máscaras da Carolyn (outra hora falo desta história) e de como é forte um trabalho de confecção de máscaras para ancestrais que  viveram em um corpo físico e, ainda, de como me sentia tão exilada por estar tão longe de onde vêm as tradições que melhor se encaixam comigo, como meu jeito de ser e pensar... Nesta hora elas riram - como sempre acabam rindo de mim -, embaralharam um tanto dos fios do tear e me mandaram desmanchar um monte... lá fui eu, refazer o passado... não!, a trama, o urdume, a alma. Ficando só no que a "ciência" comprova, vamos aos fatos: vivemos num país que tem quase 800 sítios arqueológicos catalogados (fora os que não foram encontrados ou já foram destruídos), alguns dos quais com datações de mais de 12 mil anos... um deles bem pertinho daqui, em Unaí... e eu olhei para o quintal, e me lembrei de mim mesma cantando mantras no fundo da gruta de Tamboril, quando ela ainda era aberta ao público e um bando de jovens protegidos apenas pelo Amor da Mãe Divina podia descer seus 4 km sem qualquer equipamento de segurança e voltar completamente ileso seis horas depois... e olhei de novo para o quintal... e vi muitas almas, muitas muitas almas de outras vidas transitando de lá para cá, caçando pequenos animais, comendo frutos, dormindo em grutas que milhares de anos cobriram de poeira e soterraram... ou não.  E eu perguntei às Mães: "vocês também estavam aqui?, entre estas mulheres?, entre esses homens? ensinando tudo e guiando tudo?"... risinhos abafados e uma pergunta de resposta entre solene e divertida: "Aonde nós não estivemos?!"

... lá fui eu... ajoelhar na grama, pôr a testa no chão... recompor um pouquinho da minha alma brasileira que, afinal, é sempre e a mesma Alma Ancestral!