quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Da Sombra à Luz

Já relatei neste blog alguns episódios nos quais contei com a ajuda de um grande amigo que, médium como eu, conseguiu definir com precisão coisas que eu mesma não via e me ajudou em momentos cruciais (posts "Papagaio"; "São Camilo...", "Encruzilhadas da Vida"). Hoje, contudo, recebi um telefonema dele que me deixou muito triste e muito preocupada: ele, que é professor do ensino fundamental, acaba de ser injustamente acusado de pedofilia pelo pai de uma de suas alunas, que tem apenas seis anos.

Obviamente ele está em choque, não somente por que isto é uma deslavada mentira, mas, também, porque ama profundamente seu trabalho e é extremamente responsável no trato com as crianças. Conhece o 'imaginário' infantil o suficiente para saber que a fim de se justificar de qualquer falta escolar, uma criança pode dizer o que bem entender para os pais. Por isto mesmo, a vida toda sempre tomou muito cuidado com aproximações físicas e nunca se permitiu ficar a sós com nenhuma criança. Não bastasse isto, meu amigo é gay assumido e se tivesse alguma 'perversão', certamente esta não atingiria meninas...

Mesmo tendo ficado tão chocada quanto ele, minha reação imediata foi manter a cabeça no lugar, procurar ser o mais calma e firme possível. Convoquei-o para estar comigo no consultório amanhã a fim de mexer em algumas coisas no seu inconsciente para tentarmos desvelar o mistério por trás deste episódio. Uma das coisas que me define, e que fica claro para quem convive comigo, é que não acredito que exista um tempo ou espaço no qual a Vontade Divina não atue. Em termos práticos, significa que se uma coisa qualquer nos acontece, ainda que motivada por forças negativas do Cosmo, só se concretiza porque a Mãe Divina o permitiu. Claro que, no dia-a-dia, diante de um evento desta monta, existe um espaço humano natural para o choro, a dor e até mesmo a revolta. Mas, correndo em paralelo a isto, deve haver também espaço para manter a Fé na Mãe Divina e voltar-se para Ela com a pergunta: para quê? Note: PARA quê? e não POR quê? Os porquês usualmente nos  levam para o passado e se, por um lado, podem mostrar as origens, às vezes intrapsíquicas, às vezes cármicas, de uma situação, são os 'para quê' que nos auxiliam a transformar o lodo e a lama em solo fértil para um futuro diferente e melhor. E não me concebe que a Vontade Divina seja diferente disto: Ela sempre nos leva à evolução.

Pessoalmente já passei por muitas situações de caráter 'injusto' que foram devastadoras (já fui inclusive fisicamente ameaçada por um paciente!), mas que deixaram no seu rastro uma ampliação de consciência que não teria sido conseguida caso a injustiça não tivesse sido tão devastadora. Nada tão juridicamente perigoso quanto uma acusação de pedofilia; muito menos tão socialmente marcante quanto receber um rótulo difícil de ser retirado. Mas posso fazer uma boa idéia da dor que meu amigo está sentindo e, talvez também por isto, ele tenha me procurado: precisa de alguém que tenha uma boa noção de com transmutar sua dor e o ajude a chegar 'do outro lado' da questão. E, do outro lado da questão, temos um médium excelente que canaliza para a matéria a energia de guias de alta estirpe espiritual há mais de 30 anos. No seu trabalho ele utiliza esta energia para lidar com a parte espiritual das crianças, sem que elas ou qualquer outra pessoa perceba o que ele faz. Isto já seria suficiente para mobilizar uma força contrária que viesse lhe desestabilizar. Mas, exatamente por contar com a equipe que conta, tenho certeza absoluta que existem motivos intrapsíquicos que 'permitiram' este tipo de ataque. E é aí que eu vou entrar.

A primeira orientação que lhe dei foi a de que rezasse pedindo aos guias que fortalecessem os anjos da guarda da família que o ataca. Está claro que eles não passam de 'títeres' em mãos espiritualmente bem ardilosas. Se ele se permitir vibrar na freqüência de vingança, apenas irá colocar mais lenha na fogueira. Sei, por experiência própria, que o que lhe peço é quase 'sobre-humano', mas é o certo. Ainda que juridicamente ele tenha depois o direito de invocar Xangô e pedir indenização pela calúnia, espiritualmente ele precisa entender que quanto mais ele orar pela família, menos força o negativo terá para prosseguir no ataque. Ao sentar frente a frente comigo e com minha equipe, e fazer uma boa higienização em seu inconsciente, vamos conseguir descobrir o que, dentro dele, autorizou este tipo de ataque. E, a partir disto, iremos compreender a Vontade Divina nesta dolorosa questão. Que os Deuses nos ajudem a ajudá-lo!

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Rapidinhas 4: A 'Vingança' do Pardal

Acho que todo mundo que mora em casa, e tem a oportunidade de ter pássaros por perto, sabe que pardais são criaturinhas fofas, contudo, podem também ser uns larapiozinhos bem atrevidos. Aqui em casa, se eu der mole na hora da ração, eles sempre vêm roubá-la dos 'pamonhas' dos meus cães.

Mas quando me vêem ali, bancando o espantalho ao lado dos comedores, costumam se empoleirar, me encarar de frente e 'afiar' o bico na grade da varanda, claramente me desafiando. Depois saem piando algum desaforo na língua pardalesca e eu, claro!, dou risada. Dia desses, no entanto, veio a vingança...

... estava eu calmamente pitando na varanda, encostada no portal e contemplando as árvores, quando um desses mocinhos pousou na minha frente, me encarou bem fundo nos olhos, virou de costas e fez um cocô na grade... então virou-se novamente para mim, me encarou de novo e saiu, piando alegremente sua vingança! Fiquei ali, parada, em choque por uns dois segundos, até cair na gargalhada: esses adolescentes!

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Terra e Espiritualidade - Um Ritual de Arrepiar!

No domingo passado, havia pensado em fazer meu ritual de Lua Nova para "semear" uma nova fase no meu desenvolvimento espiritual, trazendo a energia de Pachamama para perto da consciência (post Xamanismo - Da Teoria à Prática). Mas, com a história de atender ao antigo pedido dos meus guias (post Golpe Baixo), decidi juntar as duas coisas, pois elas não são exatamente 'diferentes'.

Olhando meu mapa, vi que se diminuísse alguns graus na conjunção que havia escolhido para trabalhar , conseguiria pegar o trânsito lunar num ponto médio entre o afastamento de uma conjunção com a Lua Natal (regente tanto de IX quanto de X) e a aproximação de um sextil com Júpiter, na cúspide de IX - numa distância de 4° para os dois lados. A Casa IX representa não somente a espiritualidade superior, mas também o conhecimento superior; e a Casa X é não somente a casa da carreira, mas também a casa do Dharma. Lógico que para conseguir isto, iria abrir mão do trânsito lunar já em Virgem - terra -, mas não desisti de reverenciar a Mãe Terra, apenas que o foco agora era pedir a ela que me ajudasse a concretizar o pedido dos meus guias, lançando no site o conhecimento que eles querem ver divulgados para os leigos - e não exatamente para os 'coleguinhas'. Só os guias sabem aonde querem chegar com isto; mas a mim cabe realizar o trabalho, ainda que isto vá me desgastar bastante, demandar muita energia e trazer alguns 'sacrifícios' em outras áreas.

Com tudo isto em foco, coloquei esta proposta para o inconsciente e deixei que outras partes do meu ser elaborassem o ritual (post Partes que Superam o Todo). E hoje, fui deixando as idéias virem. A primeira idéia que veio foi usar sementes de verdade. Como moro em casa, tenho uma gaveta com vários tipos de sementes de temperos, verduras e flores. Abri esta gaveta e peguei um punhado de saquinhos, tomando cuidado apenas de não pegar nenhuma 'espécie' repetida. Quando contei: 13! Nem vou comentar (post as De Pachamama às 13 Xamãs).

Depois resolvi que iria tentar 'minimizar' o meu sacrifício (sim, escrever não é algo 'fácil', mas demanda muita energia, tempo e, claro, dores musculares!) através de uma taça de vinho e de um amarílis em flor que iria colher do canteiro (amarílis não é flor de corte e eu, pessoalmente, tenho muita pena de colher qualquer flor do canteiro, mesmo 'de corte' - claro que o sacrifício maior aqui foi da flor mas, acreditem, também 'doeu' em mim!). Aos poucos fui percebendo que o inconsciente realmente tinha feito a parte dele e montado um ritual muito forte.

Comecei com uma 'preparação'  do canteiro aonde iria colocar sementes. Ao regá-lo, repetia, em voz alta, um mantra que surgiu na hora: "Mãe Terra, eu rego seu ventre com meu amor". Depois, peguei uma bacia de cinzas e fui jogando sobre o canteiro, repetindo outro mantra: "Mãe Terra, eu fertilizo seu presente com o meu passado." Depois peguei os 'papéis da quinzena' (queimo de todo e qualquer lixo de papel - é minha forma de transformar o que iria para um lixão em adubo), coloquei para queimar e repeti algumas vezes, enquanto contemplava as chamas: "Que o Fogo Sagrado possa transformar o negativo em mim em positivo. Que este Fogo Criativo aqueça meu coração e ilumine minha alma."

Voltei, então, para dentro de casa, aonde havia montado um altar. Invoquei os elementos focando no objetivo do ritual, e não apenas pedindo a formação de um Círculo Sagrado - e comecei a arrepiar da cabeça aos pés, tão forte a energia. Para isto eu ia pegando na mão um objeto que representava cada um dos elementos e fazendo uma invocação, voltada às direções. Não sei se vou conseguir reproduzir exatamente as palavras - e menos ainda a força -, mas vou tentar porque esta é uma daquelas coisas que sinto necessidade urgente de compartilhar (post O Olhar do Outro)

Terra: "Que a Terra dê solidez e base para o meu trabalho mágico. Que Ela seja a força que ancora minha espiritualidade e meu trabalho criativo. Que esta Terra Sagrada, sobre a qual caminho, possa receber as sementes do meu conhecimento e fertilizá-las. Eu sei, Senhora, que as sementes que lhe lanço, a Ti pertencem. Algumas se perderão ao vento; outras morrerão no solo; algumas fertilizarão e morrerão em seguida; outras sementes brotarão. Mas pertencem a Ti e não a mim. E ainda que eu jamais veja o destino de qualquer uma delas, peço, Mãe Terra, que as receba em Seu Ventre." (Para representar o elemento, selecionei uma bola de cristal com rutilo.)

Fogo: "Que este Fogo Sagrado seja a luz que me guia. Que Ele ilumine minha espiritualidade e acalente minha alma. Que Ele aqueça as sementes que lanço ao Ventre da Mãe Terra e desperte sua força criativa." (Para representar o elemento, selecionei uma vela de sete dias e uma outra comum, vermelha)

Água: "Que esta Água Sagrada mitigue a sede da Mãe Terra e fertilize as sementes que lhe lanço. Que esta Água Divina verta para mim, purifique meu emocional e lave meu coração com o puro amor da Espiritualidade Superior." (Para representar o elemento, uma taça de água.)

Para o Ar: "Que o Vento Sagrado seja meu mensageiro e me traga o conhecimento que preciso. Que ele possa ser o hálito que ativa a brasa de minha espiritualidade. Que ele me dê a leveza necessária para lançar com amor estas sementes no Ventre da Terra." (Para representar o elemento, um incenso de Palo Santo.)

Depois coloquei três músicas da Carolyn Hillyer para tocar, e as dancei uma a uma. "Song of Thorn" é uma música de proteção e a selecionei porque, desde que a ouvi pela primeira, ela me passa o sentimento muito familiar de "andar por um caminho invisível, cantar uma música silenciosa, dançar uma dança intangível; pois nada no meu mundo é 'visível' ou 'audível'." Selecionei também "The Winter Book", pois ela canta o Espírito da Mudança (Tove) e descreve a passagem do inverno para a primavera. Por último, selecionei novamente "Eight Bead Chant", pois foi nesta música que encontrei a Mulher Terra (ver post).

Terminada a dança, ergui o píres com as sementes e declarei: "Que estas sejam as sementes de minha espiritualidade e de meu trabalho criativo. Que elas sejam lançadas no Ventre da Mãe Terra e que encontrem, cada uma o destino que a Mãe lhe decretar." Depois ergui a taça de vinho e declarei: "Que meu sacrifício seja doce e suave, como é este vinho."

Voltei para o canteiro e enquanto espalhava as sementes, repetia: "Mãe Terra, semeio o meu futuro com o teu presente e o meu presente com o teu futuro." Depois, bebi um gole do vinho e verti o restante nos quatro cantos do canteiro, repetindo: "Que meu sacrifício seja doce e suave, como é este vinho." Voltei para dentro e finalizei o ritual.

A parte inicial do ritual durou cerca de vinte minutos; e a segunda parte, desde o momento das invocações até a abertura do círculo, 35 minutos. E foi nesta última parte que vivi algo não muito comum: durante cada um dos minutos, a energia me invadia em ondas e me arrepiava dos pés à cabeça. Mas não de uma forma incômoda, mas como uma onda de prazer. E a alegria espiritual resultante permaneceu comigo durante todo o dia, me enchendo de emoção à simples lembrança.

... Para 'aterrar', depois do ritual, fui para a casa dos meus pais. Vesti um vestidinho simples,antigo, alcinha, que minha mãe já deve ter visto muitas vezes. Mas quando ela abriu a porta, olhou para mim e exclamou: "nossa!, como você está linda! Este vestido é novo?" Respondi que não e fiquei rindo por dentro, pensando com meus botões: "As mulheres bem que podiam aprender que a Beleza é algo que vem do Amor Divino e não da roupa..."


sábado, 27 de agosto de 2011

Partes que Superam o Todo

A Física Quântica postulou, há mais de dez anos, a Teoria das Cordas que delimita o conceito de pluriversos. De forma grosseira, estes pluriversos poderiam ser entendidos como universos que vibram em frequências diferentes entre si - como as cordas de um instrumento musical - e têm, por isto mesmo, características peculiares, ainda que sejam separados um do outro por uma 'distância' inferior à espessura de um fio de cabelo. Mesmo que o futuro venha a pôr por terra esta teoria, o fato é que nossa consciência funciona e sempre funcionou em planos e modulações diferentes - o que nos caracteriza, desde sempre, como seres múltiplos, ainda que tenhamos a 'ilusão' de unidade. E resolvi falar sobre isto porque hoje é bem um desses dias nos quais estou 'atuando' em várias frentes e tentando equilibrar o sistema como um malabarista chinês.

Parte de mim está aqui, escrevendo este post, tentando expressar da melhor maneira possível os sentimentos vivenciados por uma psique consciente de que a soma das partes supera o todo. Outra parte está ligada no furacão Irene, preocupadíssima com uma paciente que até ontem à noite achava que todos os alertas dados pelos sistemas americanos eram 'histeria' e que seria, de alguma forma, tão divertido (?!) ver um furacão de verdade, quanto foi sentir a 'onda' de um terremoto. É uma menina em corpo de gente grande, que por não ter visto nenhum quadro cair das paredes, achou a reação das pessoas um tanto paranóica! Tive que respirar fundo, pedir para ela ir me mostrando os cômodos da casa e explicando, detalhadamente tudo o que deveria tirar do 'rumo' das janelas e aonde deveria ficar escondida dentro de casa. Claro que se a Mãe Divina quiser, Irene não irá passar por lá com ventos tipo 3 ou 4; tudo pode acabar se resumindo a uma grande tempestade. Mas precisei lhe dizer que em situações de risco é melhor rir depois do 'excesso' de cuidados, do que se arrepender de não ter tomado uma medida mais efetiva de proteção.

Outra parte de mim bate o olho no relógio e me cobra voltar imediatamente para a revisão da monografia de uma paciente, que deve me levar muitas horas mais de trabalho, mas também está me dando grande prazer pelas contribuições que estou dando. Enquanto isto, outra está em algum lugar, elaborando cuidadosamente meu ritual de Lua Negra para amanhã; mais uma está escrevendo 'compulsivamente' os novos textos do site, selecionando casos de pacientes que já nem lembrava ter atendido, tão antigas as histórias. Estas duas últimas estão adiantando bastante o trabalho do ego, pois quando finalmente chegar a hora delas concretizarem uma e outra coisa, tudo vem fácil e fluido. Cansou? Não desanima não, pois a 'filha dos meus pais' me cobra entrar no carro e viajar 50km só para ir dar um beijo neles; e a 'dona de casa' aponta a necessidade de passar no mercado na volta. A 'mãe de pets' balança a cabeça em censura, pois os cães precisam tomar um bom e belo banho - pra ontem! - e a água dos aquários já passou do dia de ser trocada. Ufa!

No fim das contas, todos nós acabamos conseguindo fazer tudo o que precisamos - e não serei diferente de ninguém. Mas, vamos combinar?!, bem que uns clonezinhos cairiam bem!!!

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Voltas e Volutas

Todo paciente meu decora, 'bem decoradinho', o bordão retirado tanto do trabalho de Jung, quanto da Autobiografia de Yogananda: "Quanto maior a Luz, maior a Sombra", e acrescento o "vice-versa." E é justamente no 'vice-versa' que muitas vezes avalio o 'potencial' curativo de uma iniciativa, pois como bem disse Clarissa em seu livro Mulheres Que Correm com os Lobos, a figura destrutiva do Predador Universal da psique usualmente se constela em momentos de profunda transição da mulher, que a levarão a atingir - suportadas as pressões que ele traz - um patamar superior em sua evolução.

Mas  não é somente no universo intrapsíquico que o 'negativo' se constela quando estamos às portas de uma mudança significativa: no mundo espiritual, em perfeita sincronia com a movimentação interna, as energias negativas que venham a identificar um potencial de luz em uma iniciativa também se 'organizam' e podem se voltar contra os 'incautos e inocentes' egos que acreditam que somente por estarem 'bem intencionados' terão proteção absoluta. Cuidemos muito bem de nossas Corés, pois elas normalmente se encrencam ao contemplar 'narcisos'.

... enigmático este post? Então vou explicar 'na prática'! Passei os últimos dias elaborando mentalmente uma 'fórmula' para atender ao pedido de meus guias e explicitar melhor a aplicação prática dos conceitos analíticos divulgados no meu site (vide Recorrendo aos Universitários). Ontem, depois de maturar bastante a pergunta 'como?', a ficha finalmente caiu e cheguei a uma equação adequada: falar de pacientes sem que nem mesmo a mãe deles consiga saber que são eles, caso venha a esbarrar nos textos do site. Hoje pela manhã, enquanto dava um jeito na casa, ao começar a limpar meu altar e pensar que dividiria a tarde entre a 'função' de revisar com carinho a monografia de uma paciente e começar a escrever o que meus guias me pedem, subitamente comecei a sentir vertigem e náusea. Não levou cinco minutos, e um de meus cães começou a vomitar e, mais cinco minutos, outro.

Saquei 'na hora' que o simples fato de já estar a um passo de começar a concretizar este projeto há tantos anos adiado já havia 'constelado um teste de resistência'. Sem problemas, nada que um maravilhoso incenso de Palo Santo (presente dos meus amados compadres), uma reza bem feita e um mantra budista sagradíssimo (Yamantaka) não resolvessem. Em quinze minutos estávamos todos bem de novo. E, confesso, fico um pouco 'feliz' com este episódio: sinal claro de que estou no rumo certo e de que todo o trabalho que isto irá me dar vai espiralar em belas e benignas volutas até os Pés da Mãe Divina!

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Rapidinhas 3 - De Zero a 100 em Cinco Segundos

Nem sempre consigo ser uma pessoa 'calminha' - quando Iansã baixa de vez, posso virar uma jaguatirica, como bem disse uma grande amiga. Mas, com a graça da Mãe Divina, foram poucas, muito poucas as vezes que isto aconteceu na minha vida e mais raras ainda as vezes nas quais 'virava no toco' sem motivo (sempre, sempre volto e peço desculpas quando isto acontece!). E, com motivo, peito até 'bandido' (um dia conto esses causos). Regra geral, contudo, sou hoje exatamente como era quando jovem e minha ex-sogra me chamava de 'pomba sem fel', ou seja, meu lema é 'vamos conversar sem estresse... porque seu eu estressar... Eparrê!

... Fico aqui me perguntando, quase dando risada, como um paciente meu reagiria se soubesse deste meu lado 'plácido'? Acostumados com o chicote de Iansã, usado com critério e firmeza toda vez que eles se encastelam em suas Sombras e precisam de 'um empurranzinho' para seguir em frente, acho que nenhum deles acreditaria que na vida privada sou 'da paz'!

Rapidinhas 2 - Alegria Toldada

Cá estou fazendo hora para tomar meu remedinho 'de latir' e me lembrei de contar um fato que ao mesmo tempo que me trouxe alegria, também me deixou triste. Na sexta passada, resolvi experimentar um salão novo para aparar as pontas do cabelo e decidi que, como não estou na fase das pinturas, poderia também fazer as unhas - já que não as estragaria no dia seguinte.

Cabelo cortado, a moça das unhas continuava seu trabalho... ali pelo meio da 'função', ela começou a olhar de soslaio para meu rosto, voltar para as unhas, olhava o rosto, voltava para as unhas, olhava de novo e voltava às unhas. Fazendo de conta que não estava vendo a 'movimentação ocular', fiquei esperando para ver aonde isto ia dar, sem prejulgar nada ou antecipar nada. Apenas aguardando. Uma hora ela não aguentou e comentou: "Você é tão calma, tão tranquila... passa uma paz para a gente!"

Minha reação imediata foi agradecer o elogio - talvez um dos maiores elogios que recebi na vida, pelos padrões do que considero importante. Em seguida, passou rápido por minha mente o quanto de energia ruim aquela moça deve receber por dia. Numa sociedade aonde não existe a consciência sobre o fato de que emanamos energia o tempo todo, e que esta energia efetivamente afeta a todos que se acercam de nós, é pouco comum que as pessoas se preocupem com o que levam porta a fora de casa. E, como toda mulher sabe bem, um salão de beleza é um espaço aonde, não raro, a ansiedade (por ficar bonita), a angústia (das inseguranças 'femininas') e a frustração (fartamente 'desabafada' com as colegas e manicures) flutua palpável no ar.

Fiquei triste por aquela moça que trabalha justamente manipulando as 'extremidades' do corpo e recebendo, diuturnamente, uma carga negativa por força de seu emprego. E se eu pudesse desejar com força alguma coisa agora, desejaria que mais pessoas lhe levassem paz!

Rapidinhas 1 - Quase Latindo

Já disse em outro post que arrumei uma veterinária 'de encomenda': umbandista, acupunturista e praticante de medicina chinesa. Perfeita! E não é que na última sessão de acupuntura de minha cadela comentei sobre o fato de eu chegar no fim da semana exausta e ela me passou um remedinho chinês?! Pois bem, hoje o remédio chegou e mandei uma mensagem para perguntar a hora certinha de tomar (porque medicação chinesa tem hora marcada para tomar) e, depois de esclarecido o horário, só para nos divertir, mandei a seguinte provocação:

"Tia (como chamo todos aqueles que têm um conhecimento que respeito), depois deste remedinho santo, prescrito por uma veterinária, corro o risco de sair por aí "abanando o rabo"?

Resposta: "Tomara que isso aconteça... já que é um tônico!!! Só cuidado para não começar a latir."

Veio ou não veio 'de encomenda' essa tia??? kkkkk

Recorrendo aos Universitários

Passei a manhã relendo um texto do meu site que trata justamente de um estudo de casos. Acabei concluindo que sou mais tapada do que reconheço - ou meus guias estão 'falando grego' e eu sou mesmo analfabeta em grego. Juro por todos os santos que quando leio aquilo ali não vejo qualquer dificuldade de entendimento. É um texto longo - reconheço - mas está tudo tão 'explicadinho' que não consigo imaginar como ser mais clara!

Acho que vou ter que pedir a alguns pacientes que têm 'pendão' para teoria que leiam aquilo ali e me peçam 'explicações'. Na prática, vou ter que pedir ajuda aos 'universitários' para descobrir aonde estou sendo 'hermética'... Não disse que sou uma Mula???

Golpe Baixo

Minha fama de Mula Empacada na espiritualidade só perde para minha fama de braba (O Eruexim de Iansã...). E meu 'empacamento' mais antigo foi atingido por um golpe baixo (ou deveria dizer golpe EMbaixo?) na penúltima consulta de ontem. Explicando: há mais de três anos meus guias me pedem que eu escreva um terceiro livro sobre psicanálise, mas com o foco em descrições de casos para tornar o conhecimento e os conceitos que utilizo em algo mais 'palatável' para o leigo.

Da primeira vez que me pediram isto, eu respondi que não via nada de hermético no meu texto e que tudo o que havia a ser dito estava ali naquelas páginas. Não demorou muito, e alguns pacientes começaram a me dizer que às vezes levavam dias e até semanas para entender de fato algo que eu havia explicado antes. Eu coçava a cabeça e perguntava "mas não era o óbvio?" "Óbvio só depois que a gente entende", era sempre a resposta. Nisso, voltavam os guias com um 'está vendo? nós não dissemos?' - e eu respondia, rabugindo, que esta atitude me fazia lembrar minha mãe (toda mãe parece ter a mania incrustada de dizer "eu não disse?") e contra-argumentava que não havia mais o que dizer; que eu andava muito cansada; que escrever um livro era uma empreita pesada; que preciso de tempo para cuidar de mim; que sem as artes e os trabalhos manuais eu não consigo trabalhar minha psique como devo; que tenho que estar sempre fazendo rituais para circular a energia e que isto também demanda tempo; e, claro, o mais irrefutável dos argumentos: o foco é no paciente e não na teoria... Agregue-se a toda esta ladainha o fato de eu não ter a menor idéia de como escrever sobre a vida alheia, sem ferir a ética, e a mula empacava de vez.

E eu estava assim, empacadíssima no meu canto, mastigando o capinzinho arduamente pastado na lida diária com o profundo sofrimento humano, até ontem à noite. A penúltima paciente do dia é uma PhD, que já leu meus dois livros técnicos e que conseguiu entender direitinho a teoria. Mas isto não foi suficiente para ela conseguir aplicar 'na prática' aqueles conhecimentos. E ontem, depois de uma sessão pesadíssima, regada à muita dor e angústia da parte dela, consegui ajudá-la a enxergar que aquele sofrimento era passível de ser dissipado se ela levasse em conta o que já sabíamos sobre sua personalidade anterior. E, ao levar isto em conta, ela conseguiu encontrar um ponto de força na personalidade atual para fazer frente àquela dor e seguir adiante. Na saída, perguntei se ela estava melhor - não precisava, pois era evidente, mas faço esta pergunta sempre que uma sessão é muito dolorida para o paciente - e ela, olhando para mim, foi a 'emissária' do golpe baixo: "você deveria escrever mais sobre essas coisas. Eu não sei o que seria de mim se quem me atendesse não tivesse a visão reencarnacionista. Fico pensando nas pessoas que não conseguem esse tipo de profissional."

E, assim que eu fechei a porta, ainda sob o impacto daquele pedido tão coerente, eu e meu guia entabulamos o seguinte diálogo: "será que você não vai mesmo conseguir ajudar mais pessoas com algo 'menos técnico'?", ele falou à queima-roupa. "Ah!, você quer que eu escreva algo de auto-ajuda?", respondi. "Não exatamente. Você não passou o dia pensando em falar no seu blog sobre sua visão de que teoria não se sustenta sem prática? O que queremos é que você mostre para um público maior o que é realmente a prática. Nada complicado, concorda?" "Ah, não concordo não. Como é que eu vou falar da vida alheia sem ferir a ética?", argumentei. "Outros analistas conseguiram, você também vai conseguir." Hunf!, foi minha resposta antes de chegar o próximo paciente.

... eles devem ter me levado para beeem longe esta madrugada, pois há muito tempo eu não acordava tão tarde. E já acordei com a idéia de fazer artigos, com descrições de caso. Liguei para minha comadre e conversamos sobre isto e ela me lembrou - sim, TDHI perde fácil a memória de coisas óbvias! - que eu tenho um site e que posso colocar os artigos ali. E sobre o escrever a respeito da vida alheia, eu já tinha feito isto - no próprio site -, mas usei o nome real da pessoa, pois não a analisei pessoalmente, mas através de um livro que ela publicou. Mas acho que relendo aquilo eu consigo 'extrair a fórmula'.

... E como sincronicidade é tudo!, ao abrir meu e-mail vi uma mensagem do Wagner sobre a energia da semana - O Lobo. Nela ele diz : "Façamos como os lobos, e transmitamos ensinamentos aqueles que nos cercam, unindo-se a eles e vencendo dificuldades." ... depois desta só tenho uma frase para mim: "então tá, né?, Mula! Desempaca e anda!"

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Xamanismo - da Teoria à Prática

Num dos meus posts (Buscando me Entender...), conto que, nesta encarnação, por um curto período de tempo, fiz parte de um grupo misto de magia que estudava e ritualizava a astrologia. Com eles, despertei minha alma não somente para o conhecimento astrológico, mas também para a vivência astrológica e mágica. Isto resgatou em meu espírito a concepção de que uma informação que seja apenas discutida e não vivenciada é apenas isto - informação - e jamais amadurecerá a ponto de virar conhecimento (e deste, Oxalá permita!, sabedoria). A partir disto, cunhei o bordão de 'se for para apenas 'armazenar teoria', só preciso de uma estante de livros; e nem preciso ler nada'.

Então, obviamente, acordei hoje pensando: "ok, você passou um fim de semana imersa em xamanismo e, da teoria que aprendeu, o que pode utilizar?" A resposta é óbvia: quase nada. Nem por um segundo me passou pela cabeça que um fim de semana seja suficiente para formar um xamã. Aquilo ali é coisa de "gente grande", e eu sou "fiote". O trabalho de cura xamânica é algo muito forte e de muitas implicações energéticas; e eu não tenho qualquer pretensão de realizá-lo em quem quer que seja - mesmo tendo assistido a um Mestre ao vivo e a cores. Faço curas em outros níveis, com outras implicações energéticas - e estou aprendendo isto desde os 12 anos. Ou seja: teria que começar do zero e passar mais uma outra vida inteira antes de chegar ao ponto de pegar uma maraca e retirar uma energia intrusa de quem quer que fosse.

Também não posso realizar novamente a mesma viagem ao Sol sem ter alguém 'do lado de cá' com autoridade suficiente para me puxar de volta. Ainda não estou biruta o suficiente para arriscar ir e não voltar - e pelo, que descrevi ontem, não tivesse eu a confiança na autoridade do Wagner, teria tido problemas, sérios problemas para voltar. Por mais que eu tenha uma pata aqui e três no além, um encontro daquela monta com o Sol é algo que Jung equipara a estar frente a frente com o próprio Self e correr sério risco de ser englobado por ele novamente. Em termos práticos, isto implica em dissolução do ego - simples assim. Portanto: sem chance.

Contudo, teve uma coisa que aconteceu - e que eu nem relatei ontem, tamanha a emoção dos outros aspectos do workshop - que posso adaptar e incorporar na minha vida: a oferenda a Pachamama. Claro que não exatamente nos moldes que um Xamã de verdade faz, porque estou há anos luz de distância. Mas, com minha vivência de Umbanda - e também com toda minha memória de sacerdotisa de outras vidas -, uma oferenda é algo que eu sei fazer. Ah!, isto eu sei. E já comecei a 'maquinar' meu ritual de Lua Nova em Virgem (signo feminino de Terra), porque pouco antes do ponto exato de virada ela estará em sextil com meu Júpiter na cúspide da casa IX (espiritualidade). E como a Lua Nova é uma boa lua para semeadura, posso aproveitá-la para semear na minha 'vivência espiritual' (Casa IX e Júpiter) este aspecto do xamanismo (signo de terra).

... Eu sou assim mesmo: não concebo uma bruxa/sacerdotisa que não viva a magia; não concebo um xamã sem um ritual de celebração às energias; assim como não concebo um umbandista que não reverencie as entidades de umbanda; ou um kardecisa que não tome passe; ou um católico que não reze um terço... Em síntese: conhecimento espiritual sem vivência é, para mim, como aquela metáfora que os mestres orientais usam: ordenhar a vaca e jogar o leite fora! E mesmo que eu só possa 'beber um copinho', vou bebê-lo!

domingo, 21 de agosto de 2011

De Volta para Casa

Participei, neste fim de semana, de um workshop sobre Xamanismo Andino e Amazônico conduzido pelo Wagner Frota. Na busca pelo significado do surgimento de tantos elementos xamânicos em minha psique nos últimos meses, este era um caminho natural: estar frente a frente com um Xamã de carne e osso, aprendendo sobre os princípios desta Arte. E, depois do sonho de segunda feira, era óbvio que meu inconsciente tinha 'coisas a me dizer' através desta experiência. Mas posso afirmar que foi muito além de qualquer expectativa e estou escrevendo no calor de uma forte emoção.

A primeira coisa que mexeu comigo foi justamente a namorada do Wagner, Tatiana: a alegria daquela moça, a atitude espontânea de ser, contrastou tão fortemente com a minha atitude 'reservada' que me senti impelida a ser mais natural. Como já disse em outros posts, reconheço que o riso é um remédio sagrado que, quando bem utilizado, ajuda o paciente a desatar uma série de 'nós' em sua psique. Mas ali o 'remédio' estava em outras mãos e era eu quem estava recebendo - o que é pouco usual para mim. O usual para mim é lidar e 'receber' o sofrimento do outro, diariamente. Mas, neste fim de semana, recebi de coração aberto o bálsamo para a alma que ela me deu sem saber que dava. E sou profundamente grata por isto.

Ver o casal junto também foi balsâmico para mim, pois na minha experiência profissional lido muito mais com casais que não se respeitam do que com aqueles que interagem bem com as diferenças e permanecem se amando. Tenho, graças à Deusa!, a sorte de esbarrar aqui e ali em um casal que constrói a ferro e fogo esta ligação de alma - que vai muito além de um contrato social chamado 'Casamento' -, mas são tão raros que, aos poucos, passei a duvidar ser possível uma relação entre pessoas tão diferentes. E como são 'diferentes' (!): o Wagner é quase TOC e ela é TDHI mesmo!!! Mas eles se amam. E ponto. E isto acende uma luz de esperança no meu coração que posso multiplicar e passar para frente (e já multipliquei, pois antes mesmo de chegar em casa, dando 'suporte' por telefone para um amigo com problemas de acreditar que pode ser amado, já usei este casal Wagner/Tatiana como "exemplo" de esperança nos relacionamentos. Boas sementes devem ser jogadas ao vento: aqui e ali elas frutificam!).

Um outro remédio, muito importante para uma ex-inquisitada, veio do grupo todo: sim, é verdade, posso falar das minhas 'experiências mágicas' e ninguém vai ficar me olhando como seu eu fosse 'esquisita' (ou esquizofrênica, dependendo do ceticismo do 'freguês'). Cada um que esteve ali tem sua bagagem, seu escopo de ferramentas, seu caminho - e ninguém julgou ou censurou ninguém. Todos trocamos um pouco e aprendemos um pouco uns com os outros. Estávamos todos de coração aberto para dar e receber - e isto fez com que todo o fim de semana fosse muito gratificante.

Tudo isto, agregado ao conhecimento valiosíssimo que o Wagner compartilhou, já teria feito o workshop valer a pena. Mas o que aconteceu hoje na vivência conduzida por ele foi o ponto máximo, o momento do qual meu inconsciente parecia estar falando na segunda feira. Vou procurar registrar aqui, enquanto ainda estou vibrando na energia.

Começamos com uma cerimônia do cachimbo, que não é andina ou amazônica, mas faz parte da tradição das tribos norte-americanas. Ali eu já comecei a mudar minha energia. Depois veio uma bebida sagrada que ele faz com fumo; só precisei de um mísero golinho para ser jogada em outra dimensão.


Me via sentada de pernas cruzadas diante de uma cadeia de montanhas. O céu era azul e límpido e eu tinha - com no encontro com a Mulher Terra - algo na minha cabeça, como uma tiara que não consigo explicar direito. Eu estava ali, meditando e desfrutando daquele local. Ainda ouvia o que se passava na sala e atendi ao comando de deitar, mas sem estar plenamente presente no corpo. Ao comando do Wagner, vi surgir uma serpente e via claramente as penas que ela tinha na testa. Havia uma tonalidade vermelho sangue, mas não me concentrei bem nas cores. Ela foi se enroscando em mim até me englobar: eu a sentia tanto dentro de minha coluna, quanto me sentia por dentro dela. Havia um fogo subindo por mim e em dado momento, eu mesma era uma tocha humana. Mas não havia incômodo ou descoforto: era uma sensação gostosa. 


Em seguida o Wagner chamou um Puma e ele veio dourado como um sol. Lindo!, parou na minha frente e ficou me encarando. Sei que ele me perguntou alguma coisa e que ficamos conversando um tempo antes de começar a subir o resto da montanha - pois eu já estava bem próxima ao cume. Mas não consegui me lembrar depois deste diálogo, exceto que também ele me chamava de Mulher das Estrelas (algo que não quis compartilhar com o grupo, pois ser chamada por outros seres por este nome é algo com o qual ainda estou me acostumando! E ainda teria que explicar... sem chance.) Fiquei sabendo depois que em algum momento o Wagner deu o comando para nos fundirmos com o Puma, mas eu já não estava nadinha na sala. 


De repente eu simplesmente me transformei em um pássaro - um Condor foi o que descobri depois -, mas naquele momento eu não sabia que pássaro eu era, eu apenas "era". Senti meu corpo se transformar no corpo de um pássaro, com absolutamente todos os detalhes de um pássaro gigante! E fui voando em direção ao Sol. É quase impossível traduzir em palavras a sensação de liberdade de estar voando, absolutamente livre de todas as amarras, de todos os laços, vínculos, pesos e tudo mais que caracteriza a vida normal do dia-a-dia. Não havia passado, presente ou futuro. Apenas o Sol à minha frente cada vez maior, cada vez mais próximo do meu campo de visão, englobando todo meu horizonte, deixando tudo e todos para trás - sem medo, sem angústia, apenas indo. Em dando momento, aconteceu o mais forte: meu corpo e o do Sol passaram a ter a mesma 'matéria'. Eu era 'feita' do Sol, como se fora uma imagem que Ele projeta, como se Ele tivesse me esculpido de sua própria essência. Ainda era um pássaro. Ainda era "eu". Mas este eu-pássaro era feito de Sol pelo Sol. O sentimento de 'estou de volta em casa' foi o que me dominou. "Eu sou isto", foi a única coisa que eu pensei. "Eu sou apenas um reflexo do Sol, uma extensão dEle mesmo". 


Estar ali era estar de volta à minha natureza... mas de algum lugar do Cosmo veio o comando de voltar. Comecei a me debater com esta idéia. Não, eu não queria voltar. Mas os milênios de treinamento como sacerdotisa me ensinaram que um comando dado durante um ritual não pode ser questionado se confiamos em quem nos conduz. Eu tinha que voltar. E ponto! Sei que houve uma parte em que um beija-flor vinha em nosso coração. Mas eu ainda estava no Sol e vi sim um beija-flor - mas de lá de cima, não 'na sala' como as outras pessoas viram. Foi difícil voltar. 

Foi difícil conseguir pegar meu corpo de novo. Saí da sala ainda 'mais pra lá do que pra cá' e só lembro de já estar sentada em um banco, olhando para as árvores e me perguntando atônita: 'mas o que é mesmo que eu estou fazendo aqui?'. Nesse momento apareceu uma Xamã do meu lado direito. Cabelos trançados, estatura mediana. Ela se debruçou mansamente sobre mim e disse simplesmente: "ainda é aqui que você tem que estar". Comecei a chorar - de birra, eu sei! Mas não há muito o que fazer. Manda quem pode, obedece quem tem juízo! Se é aqui que tenho que estar, é aqui que ficarei. Pelo menos por enquanto... o Sol que me aguarde!

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Papagaio!

Dia desses no consultório um paciente me contou um sonho no qual eu, euzinha mesmo, aparecia como um papagaio (!), interagindo com outra pessoa. Caímos na risada juntos; mas conforme ele foi desenrolando o enredo do sonho, em dado momento eu voltava a ser gente e tinha uma atitude muito específica. Neste ponto, identifiquei que o sonho, na verdade, fora um desdobramento, pois, de fato, eu tinha tido a atitude que ele vira ali e tinha mesmo dito àquela pessoa exatamente o que ele ouvira. Expliquei-lhe, então, que a parte do papagaio foi a forma que o cérebro dele encontrou para contar-lhe outras coisas a meu respeito. Se não, vejamos...

... bem no comecinho da minha carreira, aqui e ali alguém me dizia durante uma consulta "Ah!, foi exatamente do jeito que você disse mesmo" e se punha a "repetir" uma frase da qual eu não tinha a menor lembrança de ter pronunciado! Tinha, naqueles momentos, o ímpeto de parar a fala do outro no meio e começar com perguntas: "eu?!", "eu, como?", "como assim?,"quando eu disse isto?", "em quais circunstâncias?"... mas me calava e ficava coçando mentalmente a cabeça, dizendo a mim mesma: "ok, uma pessoa lhe dizer que você disse algo que não se lembra, tudo bem. Mas isto está ficando frequente..."

Comecei, então, a analisar aquele 'fenômeno'. Problemas de memória? Nem pensar. Quando um TDHI hiperfoca ganha uma memória de dar medo! Não anoto e nunca anotei um único dado de qualquer paciente - fica tudo registrado nos meus neurônios e no além. E qualquer paciente meu pode afirmar que eu me lembro de coisas a respeito deles que até eles esqueceram - e não só os detalhes de suas histórias, mas também os sonhos. De todos! Durante todo o tratamento, por anos. E mesmo aqueles que foram, passaram um tempo fora, e depois voltaram, puderam constatar que bastava me contar o iniciozinho da história e 'bum!", meu cérebro refazia todas as conexões: voltava toda a memória daquela pessoa.

Como na ponta oposta do fenômeno havia 'o outro', passei a me perguntar se não seria o fato comum, provado pela neuropsicologia, de que muitas vezes o que dissemos não é exatamente o que o outro ouve; pode existir um filtro neurótico distorcendo tudo, ou o cérebro simplesmente reorganiza as palavras do jeito que quiser, e não como foram ditas... Mas também não me satisfaziam essas respostas. Continuei observando. E, conforme o tempo foi passando, acabei reparando que aquelas eram as "melhores frases" do consultório. Aí eu comecei a desconfiar qual seria resposta para o 'mistério'...

...Um belo dia, um grande amigo que também é um bom papagaio, do nada, virou para mim e soltou na lata: "você e esse seu guia aí estão tão sintonizados que às vezes é difícil saber se a frase saiu da sua cabeça ou da dele! Bingo! Eu fora promovida: era um papagaio oficial! Sem crista, claro, porque não há nada mais anti-ego do que descobrir que a melhor parte do seu trabalho não é feita por você. Mas, feliz, porque descobrir que 'não estava sozinha' naquele consultório ao lidar com todo tipo de dor e sofrimento era e é muito consolador.

De lá para cá já se passaram mais de dez anos. Muita coisa mudou. Já não atendo mais com astrologia, nem faço atendimentos pontuais apenas para prescrever florais - que foi, na verdade, como tudo começou, no final de 1999. Estou mais consciente da minha mediunidade e minha interação com os guias agora não é mais tão 'velada' como no começo - e os pacientes mais atentos sabem direitinho a hora em que paro para ouvir 'o outro lado'. E quando o paciente é 'velho de casa' e já se acostumou a me ver trabalhando em  parceria espiritual, eu muitas vezes não faço cerimônia nenhuma em parar o que ele (paciente) está falando e responder verbalmente a um guia: "não, não vou dizer isto" ou "devagar, que eu não entendi o que você (o guia) quis dizer".

Outra coisa que mudou muito desde minha promoção a papagaio de estimação da espiritualidade é que hoje não tenho mais dois ou três pacientes de atendimento psicanalítico: são 35! E, exatamente por isto, aquele mesmo amigo que um dia me revelou minhas penas - de papagaio, veja bem - comentou que hoje há muitos guias trabalhando comigo. E se o papagaio ainda é o mesmo - euzinha - o guia pode mudar de um atendimento para o outro. E, para mim, isto é claríssimo: com um paciente posso ser leve e bem humorada; com o seguinte posso virar a 'senhora seriedade'; e, no terceiro, falar, francamente, 'de homem para homem'.

Mas não se apavorem: não incorporo, não perco a consciência, nem fico sacolejando na cadeira: sou médium de irradiação intuitiva ali. Um papagaio discreto. Meu trabalho é manter as penas limpas e o bico afiado, o que significa dizer: estudar muito, pesquisar bastante, questionar ao máximo, aprender tudo que posso, armazenar em meu cérebro a maior quantidade de informações disponíveis e, depois, com toda humildade que meu ego imperfeito conseguir, colocar tudo isto para ser usado pelos amigos espirituais.

Quanto aos meus 'esquecimentos', confesso que andei fazendo algumas queixas: "não dava para ninguém aí dizer 'dá o pé louro'? Às vezes eu perco coisas bem legais! Maldade..." E fiz bico - de gente. Rapidinho veio a resposta: quando eu preciso bilocar, eles devem assumir o controle total de minhas falas e eu, atarefada noutro canto, falo coisas das quais nem me lembro. Então tá, né? Currupaco!

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Alquimia e Xamanismo - Segredos de Alcova

Nã, nã... pode tirar o 'pangaré' da chuva que não vou contar aqui nenhuma tórrida noite de amor. Vou entrar um pouco 'mais fundo' que isto - com trocadilhos! - e revelar com o que pode sonhar uma analista: segredo máximo entre nós. Isto porque, para olhos bem treinados, um sonho revela mais que as celulites, cicatrizes e marquinhas de nascença usualmente desveladas pelo amante de uma mulher de carne e osso - sem Photoshop! Revela detalhes da psique que normalmente são desconhecidos até pelo sonhador; mostram os segredos que costumamos não confessar nem para nós mesmos e expõem partes de nós até então completamente ignoradas. E, vamos combinar?!, num mundo em que ir para a cama com desconhecidos está se tornando banal (para meu profundo espanto!), isto é bem mais íntimo, não é?! Então vamos lá:

"Sonhei que encontrava com a minha comadre e ela me mostrava um cristal vermelho que, conforme ia sendo virado, modificava sua estrutura interna, como se fora um caleidoscópio. Ela me dizia que era um absurdo, mas as pessoas estavam comprando aquela pedra para dar de presente para crianças brincarem. Eu resolvia que iria ter uma dessas pedras e saía para procurar um tio que, mesmo tendo se afastado de minha família há mais de 30 anos, sei que trabalha comercializando cristais. Chego em um esquina e estaciono meu carro - que estava guinchando um guarda-roupas! - de forma precária. Tenho receio de que o guarda-roupas se solte e provoque um acidente, mas decido deixar assim mesmo, pois a loja do meu tio era em frente à esquina. Entro em seu escritório e ele me vê de longe. Neste ponto se transforma em um grande lobo castanho e vem em minha direção, pronto para me atacar por ter invadido seu território. Quando se aproxima, falo com ele que sou sua sobrinha e que vim ali para buscar a tal pedra. Ele volta a ser um homem e fica emocionado por me reencontrar."

Quando eu acordei, ainda na cama, disse a mim mesma que neste sonho deveria haver a resposta que estou procurando há meses: de onde estava vindo este 'puxão' para o xamanismo. Eu fizera a pergunta. O inconsciente respondeu. Portanto, analisar este sonho era fundamental.

Para começo de conversa, preciso explicar que cada elemento que aparece em um sonho (tanto quanto num mito ou conto de fadas) tem importância crucial, seja uma folhinha que voa ou um 'personagem principal'. Tudo é simbólico e, como qualquer símbolo, tem uma multiplicidade de significados que, às vezes, sob o ponto de vista da consciência linear, podem até parecer contraditórios - mas são, de fato, complementares. E para conseguir, dentre as múltiplas significações de cada símbolo, entender qual delas é a que se aplica ao sonhador, a primeira coisa que se faz é questioná-lo sobre o que ele pensa/sente sobre cada elemento. Também é muito importante saber o que se passa na sua vida naquele momento, pois o inconsciente, tendo justamente uma função complementar, está seguramente ampliando o significado psíquico de algo que se passa no nível do ego, com o objetivo de ampliar a consciência.

No meu sonho, o primeiro elemento que aparece é minha comadre, uma pessoa que eu amo profundamente, uma amiga/mãe/irmã que os Guias levaram para o meu caminho, mas que, por entrar neste sonho portando uma 'pedra mágica' chega como a representação de meu lado Donzela - pois ainda é esta sua condição na magia. Como donzela, à moda de Coré, aqui e ali ela se permite 'seguir um narciso' e acaba caindo numa encrenca qualquer que, mesmo trazendo sofrimento, lhe permite desenvolver a têmpera necessária para atingir a maturidade. E, no sonho, ela é a portadora da Pedra Mágica que é entregue levianamente a crianças para brincarem. Isto é um símbolo alquímico máximo: a Pedra  Filosofal, desprezada pelos 'tolos e infantis', mas reconhecida pelos alquimistas. Portanto, o sonho está dizendo que meu lado entusiasmado literalmente 'atirou no que viu e acertou no que não viu' - e que algo dentro de mim estava sendo leviano e infantil ao não reconhecer a sacralidade de alguma coisa. Ou seja, o inconsciente começa me dando um 'esculacho'; na lata!

Felizmente, parece que minha consciência - representada por mim mesma no sonho - e meu lado Donzela têm alguma redenção, e reconhecem que havia algo de muito especial naquela Pedra. E eu decido empreender a viagem para sua busca. Chego em uma encruzilhada - um símbolo de que estou em um ponto no qual posso seguir por direções diferentes e chegar a resultados bastante diversos - e estaciono em frente a um comércio. Aqui o inconsciente usou uma redundância para não deixar quaisquer dúvidas sobre o significado desta busca: comércio, encruzilhadas e caminhos são, na simbólica alquímica, o território Mercúrio, aquele que conduz o processo de transformação da matéria bruta de nossa Sombra em Pedra Filosofal - um símbolo do Self, por natureza.

Mas estaciono meu carro, e o guarda-roupas (!) que estou guinchando, de forma precária. O carro, na vida moderna, é o que nos conduz, o que nos leva de um lugar ao outro e, por isto mesmo, remonta, na psique feminina, ao Animus - que neste aspecto se apresenta como o Psicopompo, aquele que guia a mulher na busca da totalidade (na psique masculina o carro remonta à Anima, que ainda que tenha caracteres diferentes, faz muitas vezes o mesmo papel de guia e condutora para o Self). Guarda-roupas, por outro lado, é um símbolo feminino, pela associação com o útero; mas - sem excluir o primeiro sentido - também remonta ao que escondemos, ao que guardamos longe da vista, ao 'arquivo' de nossas personas e, por isto mesmo, à sombra feminina. No sonho não existe nada de errado na conexão entre a Sombra e o Animus - o problema está em como os deixei: estacionados de forma precária. Portanto, aqui eu tomo outro esculacho do inconsciente: parece que estou 'deitada em berço esplêndido' e não tenho trabalhado com o devido cuidado estes dois aspectos do meu inconsciente. Vindo de uma analista, isto é, no mínimo, "sem comentários"...

Seguindo no sonho, a coisa toda se torna agora bastante surpreendente para mim, pois o meu tio, que por ser comerciante é uma outra representação de Mercúrio, se transforma em um Lobo - e esta transformação remonta ao Xamanismo, sem quaisquer dúvidas. E mais: o inconsciente escolheu justamente um tio que 'já fez parte da minha vida no passado, mas com o qual perdi contato há décadas', e isto significa que em algum ponto da minha história passada, por mais que isto esteja completamente invisível para mim neste momento, estive bem próxima de elementos xamânicos e que eles, de alguma forma, são portadores da Pedra Filosofal. Confesso que quando acordei e me dei conta desta sobreposição de símbolos, fiquei de queixo caído. E ainda estou um tanto perplexa, pois, até onde vai minha ignorância, o Xamanismo é uma experiência 'visceral/corporal', uma conexão com elementos de terra, enquanto Mercúrio é um elemento 'aéreo/mental'.

A primeira atitude deste elemento 'híbrido' de minha psique é de rejeição e agressividade; mas quando me 'reconhece', se humaniza novamente e me acolhe. Esta atitude deve ser a representação que meu inconsciente achou para me dizer que 'devo me apresentar' e fazer ser reconhecido meu 'parentesco' se quiser interagir de forma adequada com o xamanismo. E aqui é que reside o problema: está tão no fundo do meu inconsciente a 'memória' deste parentesco que ainda não consegui, honestamente, entender de que forma um Lobo se transforma em Mercúrio e vice-versa. E só tem um jeito de entender: mergulhando de cabeça e me arriscando a 'tomar algumas dentadas'! Fazer o quê? Quem disse que uma viagem de auto-conhecimento é algo 'livre de riscos'???

Antes de concluir, é importante ressaltar que os sonhos devem ser 'ritualizados' depois de interpretados - ainda que possa ser uma ritualização bem simples. É a forma que temos de responder ao inconsciente que recebemos sua mensagem e ele pode, então, continuar a partir de onde parou, sem precisar ficar repetindo a mesma informação. Para este sonho escolhi colocar uma granada no meu sutiã e passar o dia inteiro com ela ali, pois o cristal do sonho me lembrou um rubi - e esta última pedra tem o potencial de trazer a energia do chacra básico para o nível do chacra cardíaco, transmutando a energia. Como não sou nada ligada em pedras 'preciosas', não tenho um rubi, mas a conexão da granada com o chacra básico é bem conhecida e, ao colocá-la próxima do chacra cardíaco, consegue-se o mesmo efeito. A outra forma de ritualização vai ficar para os próximos dias e consiste em rearrumar meu guarda-roupas, pois a precariedade que o inconsciente apontou é bastante preocupante.

... espero que a descrição da análise deste sonho possa ter demonstrado para os leitores que o processo de interpretação de um sonho não é algo tão difícil assim. O inconsciente 'sabe com quem está falando' ao enviar um sonho e mesmo se o sonhador não tiver qualquer conhecimento do significado arquetípico dos elementos que lhe aparecerem, ainda assim pode buscar o significado pessoal e ir decodificando a mensagem. Sonhar, assim como interpretar um sonho, não é 'um nicho' de psicanalistas: é uma forma natural que o Ser utiliza para nos auxiliar no desenvolvimento psíquico. O fundamental é ser honesto consigo mesmo e estar disposto a aceitar com humildade os 'puxões de orelha' e a revelação dos seus segredos mais íntimos.

domingo, 14 de agosto de 2011

Viver com Magia - Um Encontro com Héstia

Tenho a plena convicção de que nenhum ritual que eu faça se realiza plenamente até que seja incorporado em alguma atitude ou realização material prática. Em termos objetivos parto do princípio mais do que batido pela física quântica de que toda matéria é energia e procuro concretizar a vivência mágica em atos do meu dia-a-dia. E para mostrar exatamente o que quero dizer com tudo isto, escolhi o ritual de Héstia que realizei entre sexta e ontem.

Tradicionalmente, no dia 13 de agosto se trabalha com a egrégora de Hécate, mas como eu já havia tido um encontro com ela há poucas semanas, achei que seria 'demais' para mim puxar novamente sua energia para baixo. Olhando meu mapa natal, vi que o plenilúnio se daria na minha casa IV, que se refere, em termos gerais, ao lar, à origem e raiz da psique e, por extensão, o associo também com o Self. Uma energia que sempre gosto de trabalhar com trânsitos nesta casa é Héstia, a Senhora da Lareira, que tem um potencial de centralização e organização psíquica muito confortante. Héstia é a antítese do desconforto provocado pelo caos; é a energia que transforma o que está 'cru' e latente, naquilo que pode ser saboreado e absorvido; é a sensação cálida da volta ao aconchego do Lar. Mitologicamente, ela uma deusa virgem que abriu mão de seu 'posto' no Olimpo e ganhou, por isto, o direito de estar presente e ser cultuada em todos os lares. E, apesar ser reportada como uma anciã, os gregos não a representavam com outra forma se não como o fogo que se acendia no centro das casas.

Portanto, juntando a significação da Deusa com a da casa IV, achei ser este um bom momento para dar uma reorganizada psíquica, evocar alguns elementos caóticos - presentes em toda psique, diga-se de passagem - e passá-los pelo Fogo Transformador de Héstia. Comecei na sexta-feira: no momento exato em que a Lua em trânsito fazia uma quadratura - aspecto 'tenso' como grande potencial de evocar conflitos - com o Ascendente. Montei meu escudo de Hematitas e selecionei, dentre as pedras que colocaria nos meus chacras, a Obsidiana e a Rodonita, que são pedras de poder catártico. Poderia ter escolhido também a Malaquita, mas achei que ficaria forte demais. Como 'fundo musical' escolhi o CD da Carolyn Hillyer, Cave of Elders. Comecei pela respiração que sobe e desce pela coluna e, quando a música já não se fazia mais consciente na minha mente, visualizei meu encontro com Héstia. A vi em um ambiente fechado, diante de uma fogueira. Parei em sua frente e, tendo a imagem de um oceano revolto como ponto de referência para o caos, pedi a ela que me ajudasse a liberar a energia ali contida e a reorganizá-la em minha vida. Colocamos juntas esta imagem no fogo e eu a vi se dispersar em fumaça. Tudo durou um pouco mais de uma hora, pois a última música que havia selecionado para o ritual é um mantra budista que tem o potencial de dispersar qualquer energia negativa.

No dia seguinte, a parte prática: como 'concretização' deste ritual escolhi reorganizar o espaço da minha casa, montando duas pequenas estantes que vieram do meu consultório. Mas resolvi, também, arrumar minha caixa de ferramentas (sim, tenho uma caixa de ferramentas que faz inveja em muito homem - rss), pois havia centenas (sem exagero!) de parafusos, porcas e buchas jogados de qualquer jeito. No momento exato em que a Lua começou a fazer aspectos significativos com outros elementos do meu mapa, iniciei o processo, acendendo uma vela, evocando Héstia, colocando para tocar todos os CDs da Carolyn, e arregaçando as mangas. Visto de fora, tudo que alguém poderia dizer é que havia uma mulher montando móveis, empurrando coisas daqui para ali e/ou organizando em potes separados parafusos, pregos, porcas etc. E, lógico, qualquer um que já tenha feito uma organização deste porte em casa sabe perfeitamente que em dado momento tudo o que se tem é o mais completo e absoluto caos.

Isto levou algumas horas, e me custou alguns hematomas e pequenos ferimentos naturais de quem faz as coisas com 'um pé aqui outro no além'. No fim do dia, quando o sol estava se pondo, peguei os papéis que junto para queimar (embalagens, envelopes, revistas velhas: tudo vira cinzas e adubo para a grama na minha casa) e 'concretizei' exatamente a imagem que tinha criado no dia anterior.

Hoje posso dizer que acordei doloridíssima; mas com uma sensação de paz e conforto inigualáveis!

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

As Três Faces da Mesma Moeda (Última Parte): o Xamã do Supermercado

Agora que já contei detalhadamente que sou uma soma esquisita entre 'desligamento', 'reserva extrema' e 'gentileza', fica fácil compreender que não é nada fácil conviver comigo. Eu não apenas trato as 'birutices' das pessoas - também posso deixá-la 'tortinhas'! Um vizinho ou balconista conhecido que passe por mim numa gôndola de supermercado ou nos corredores de um shopping pode ficar sem entender nadinha por eu simplesmente não 'olhar para ele'; por outro lado, alguém que tenha me visto passar 'alheia ao mundo' várias vezes num desses lugares, pode também ficar sem entender nada se algum dia cruzar comigo de manhã, nas ruas do condomínio, e receber o meu mais puro "Bom Dia". E minha família toma, aqui e ali, sustos curiosos, quando alguém ganha de presente algo que apenas sussurrou que queria e achou que ninguém - principalmente eu - tinha ouvido ou percebido o brilho nos olhos. Minha mãe disse que eu sou 'complicada' e eu assino embaixo! Eu, decididamente, assusto as pessoas. Mas como o feitiço sempre volta para o feiticeiro, um dia desses fui eu quem tomou um susto - e dos bons!

Estava eu num supermercado - o mesmo que frequento há anos por ser próximo do consultório - e como havia acabado de sair do trabalho, estava mais 'fora do ar' que o 'normal'. Quando cheguei na seção de verduras, me aproximei de uma bancada e fui pegar algumas batatas que estavam numa caixa. Havia ali um funcionário do supermercado organizando as mesmas e, como ele estava de costas e eu cheguei de mansinho, jogou, totalmente sem querer, uma batata em cima de mim. Ele percebeu o que fez e imediatamente se desculpou sem jeito. Eu olhei para ele, e com toda pureza que um Erê pode trazer (O Lado Bom da Mula Empacada), respondi que não havia problema, que sabia ter sido sem querer. Ele suspirou aliviado e eu voltei às batatas. Mas ele continuou me olhando e, de repente, com um sotaque andino, lascou: "Você tem os olhos da Águia. Voa lá em cima, mas mê tudo aqui em baixo."

Não é exagero dizer que eu prendi a respiração, abri ligeiramente a boca e minha cabeça de cachorrinho pendeu para o lado, toda perguntas. Olhando fixamente para ele, questionava: "como assim?!, ele conseguiu me definir sem me conhecer! Nem quem me deu à luz consegue! É ele, ou tem algum 'guia falador' do lado dele?" "É ele", respondeu meu guardião. E, como se quisesse dirimir quaisquer dúvidas sobre si mesmo, o Xamã continuou: "As coisas acontecem às pessoas e elas ficam se lamentando. Elas olham para o De Lá De Cima, com o nome que você quiser dar para Ele, e se queixam e reclamam. Mas você não. Você sabe que o que acontece é porque tem que acontecer. E que o Lá De Cima vê tudo." Só consegui responder "sim, é isto mesmo", e ele se virou e voltou às batatas, enquanto eu saía de fininho...

... isto aconteceu uns dias depois do Tsunami do Japão e sei que ele se referia ao sentimento das pessoas naquele momento, pois aqueles eventos reverberaram no inconsciente do mundo todo - e no meu consultório não foi diferente. Tive que lidar, durante algumas semanas, com perguntas do tipo "por que isto acontece?", "por que tamanho sofrimento?", e coisas do gênero. E parece que aquele Xamã, escondido sob a pele de arrumador de batatas, sabia que este era exatamente o assunto mais tratado por mim naqueles dias. Mas tenho agora a impressão que sua 'abordagem' tinha outros propósitos que meramente se fazer 'visto'. Este foi apenas um de uma sequência de 'episódios xamânicos' que emergiram 'do além' na minha vida e/ou na minha psique nas semanas e meses seguintes (Encontro com a Mulher Terra). Lógico que não me atrevo a dizer que seja a Águia meu Animal de Poder, mas pelas definições que encontrei depois, ela caminha - ou voa - bem pertinho de mim...

E, só para finalizar, comentei com a minha comadre sobre este Xamã e ela também ficou impressionada: sim, é a mais pura verdade - nem mesmo quem convive comigo há muito tempo conseguiria me definir tão bem! Portanto, da próxima vez que for a um supermercado, trate bem ao arrumador de batatas: se ele for um Xamã disfarçado, pode te retribuir a gentileza de uma forma bem inesperada.


As Três Faces da Mesma Moeda (Parte II): O Lado Ruim de Viver Entre Mundos

No último post expliquei minha pequena e persistente cruzada pessoal para tornar meus encontros fortuitos com vizinhos e prestadores de serviço uma oportunidade de semear boas energias, mesmo sem saber ao certo como, quando e até 'se' essas energias irão frutificar. Agora quero explicar que nem sempre consigo estar tão atenta, quanto acredito que deveria estar, quando cruzo com pessoas na rua. Não é incomum que até mesmo pessoas conhecidas venham se queixar comigo dizendo que passaram do outro lado da calçada, acenaram e eu não respondi. Eu normalmente peço desculpas e explico que sou TDHI - mas esta é somente parte da verdade, pois a verdade completa está muito menos na funcionalidade diferenciada de um cérebro hiperativo do que na estrutura do meu mapa natal, que tem o Sol na Cúspide de XII.

Mas vamos com calma: na astrologia consideramos que o início de uma Casa - chamado de Cúspide - é seu ponto mais forte - e o exemplo mais conhecido é o Ascendente, que nada mais é que o ponto inicial da Casa I. Sem querer entrar em descrições técnicas, pois este não é o foco do post, basta explicar que o Ascendente define, grosseiramente falando, a forma como vemos e interagimos com o mundo - e vice-versa. A Casa XII, por seu lado, representa o inconsciente, o mundo além das aparências, o mundo das energias intangíveis. E o Sol, no mapa feminino (de acordo com a astrologia que faço, pois há correntes que têm outras interpretações para o Sol), representa o espírito, a parcela da psique que devemos buscar para nos sentirmos completas. (Enquanto a Lua representa a personalidade feminina e também nosso lado instintivo - no mapa masculino isto se inverte: o Sol é a personalidade e a Lua, a Alma.)

Pelo parágrafo anterior, fica fácil entender que eu nasci, sou de carne e osso, mas tem um lado do meu espírito que só foi começar a 'descer' depois dos 30, quando o Sol progrediu o suficiente para chegar e ultrapassar o Ascendente. Mas mesmo que ele já esteja há muitos graus dentro da Casa I, a base, a raiz do meu Mapa Natal aponta para o fato de que uma parte de mim está e sempre estará 'do outro lado'. Se formos nos ater apenas à ortodoxia do Livro dos Médiuns, poderíamos dizer, sem margem de erro, que sou uma médium nata com habilidade de bilocação. Mas o ponto principal vai mais além um pouco, pois não sou apenas capaz de estar em um lugar e me desdobrar para outro; também sou capaz de acessar as camadas do inconsciente e universos paralelos - tudo isto com os olhos bem abertos, diga-se de passagem (vide post Encontro com a Mulher Terra).

Para preservar a integridade física do meu cérebro, e meu equilíbrio emocional, na esmagadora maioria das vezes que isto acontece fora do consultório, meus guias bloqueiam o fluxo de informação e não deixam que eu tome conhecimento de exatamente aonde estive e o que fui fazer - principalmente no que diz respeito aos desdobramentos espirituais. Médiuns amigos meus, contudo, já tiveram a oportunidade de, estando batendo papo comigo, me verem 'sair do corpo' e ir 'atender a algum chamado urgente'. Olhando para meu rosto, tudo que essas pessoas vêem é que eu fico um pouco mais desatenta - e é exatamente como me sinto: mais 'lerda' que o normal. No consultório, contudo, a coisa muda bem de figura, pois ali preciso estar totalmente consciente do que, exatamente, estou fazendo, com quem estou falando e aonde vou. E ali, também, os pacientes mais perceptivos vêem claramente que eu 'dei uma saidinha', ainda que seja capaz de continuar conversando e registrar perfeitamente tudo que me dizem.

Fica claro, portanto, que esta 'habilidade', muito bem descrita pelo meu Mapa Natal, é uma 'bênção no meu trabalho; mas é um verdadeiro problema na minha vida pessoal. Não sem razão, as pessoas muitas vezes se sentem desconsideradas por mim. E se juntarmos isto ao fato de que o TDHI é distraído por natureza quando não está hiperfocando, pode-se imaginar a quantidade de trapalhadas que vivo diariamente. Contudo, tirando o lado chato de saber que muitas vezes magoo familiares e amigos por não lhes dar a toda atenção que merecem, aprendi há anos a rir de minhas patetadas como, por exemplo, colocar um café na xícara e 'esquecer' de beber, ou ligar para um paciente e perguntar o porquê de ter colocado um alerta com o nome dele no celular, ou guardar a garrafa térmica na geladeira e ficar procurando depois como uma biruta... coisinhas assim que me fazem parar e dar boas gargalhadas. Mesmo que para os outros seja incompreensível que eu me divirta tanto pelos meus 'esquecimentos', o fato é que são engraçados mesmo.

Eu só gostaria de conseguir estar mais inteira com as pessoas do meu círculo pessoal e fora do meu consultório; mas é um desejo do ego, pois o Self tinha outros planos ao escolher a hora do meu nascimento. Portanto, se você me conhecer algum dia e depois disto vier a passar por mim na rua sem que eu lhe preste a menor atenção, venha até mim, fale comigo, me 'chame de volta' - e não me leve a mal, por favor, mas é que eu simplesmente não estava ali!

As Três Faces da Mesma Moeda (Parte I): O Lado Bom da Mula Empacada

Na Umbanda existe um jargão que diz: "trabalho que Criança faz, nem Exu desmancha!" Contudo, o reverso também é verdadeiro - trabalho que Criança DESMANCHA, nem Exu refaz! - e isto é um fato para o qual poucas pessoas, mesmo os umbandistas, atentam - mas não é difícil de entender. Quem já esteve numa gira de criança, sabe que elas chegam 'fazendo festa', brincando e provocando na assistência o sorriso leve que tem a força de desanuviar qualquer 'carranca'. Esta leveza remonta à enorme luz que aqueles espíritos, muitas vezes simplesmente disfarçados de crianças,  trazem em seus corações - e, como disse no post do São Camilo, quanto maior a proximidade com o Amor Divino, maior a alegria e o bom-humor do espírito. E, falando mais tecnicamente, o riso que provocam tem o poder de mudar completamente a frequência mental de quem se permite acompanhar-lhe as brincadeiras, modificar a estrutura energética do inconsciente e desatar os nós de magias negras e obsessões simples e complexas.

Quando eu entendi a profundidade disto, convivendo com os Erês que fazem parte de minha equipe espiritual, passei a adotar uma atitude muito brincalhona e até um tanto 'palhaça' que deixa muita gente sem entender 'nadinha'. Em muitos momentos, quando o paciente menos espera, lasco uma brincadeira que provoca em nós uma sonora gargalhada. Vindo de uma figura que pode ser brava como o quê (vide o post O Eruexim de Iansã), deixa o sujeito do outro lado completamente 'desintendido', nas palavras de uma amiga.

Mas não o faço de 'caso pensado', no sentido de que são brincadeiras falsas, maquiavelicamente calculadas para angariar simpatia. Elas vêm até mim, muitas vezes para minha própria surpresa. Calculada, calculada mesmo, é a teimosia de mula empacada que não desiste de dizer "Bom dia!", com um sorriso nos lábios, a todo e qualquer transeunte que passa por mim todos os dias pela manhã, quando estou passeando com meus cães.  Quer a pessoa esteja de carro ou a pé; quer seja um trabalhador com uma enxada nas costas ou esteja num veículo importando e, principalmente, quer ela responda ou não, eu faço todos os dias a mesma coisa: puxo a melhor energia que tenho no coração, abro um sorriso e dou bom dia. E foi graças a esta teimosia de continuar e continuar, dia após dia, cumprimentando com leveza quem passava por mim, que aos poucos fui 'ensinando' àqueles que moram ou trabalham perto de onde caminho a responder com a mesma cordialidade.

No início, quando principiaram minhas caminhadas, a reação das pessoas ia desde o mais absoluto espanto, até o 'susto' de se sentirem "vistas", pois o fato é que já estamos acostumados a passar uns pelos outros na rua, a entramos em ambientes e elevadores lotados, e nos comportarmos como se estivéssemos absolutamente sós. Falamos com caixas de supermercado, com atendentes de lojas, com profissionais que nos atendem como se fôssemos máquinas falando com máquinas, e não seres humanos interagindo. Não raras vezes, deixamos que nossas frustrações, angústias e raivas pessoais escorram da nossa mente ou subam do nosso coração e simplesmente saiam de nossas bocas, nossos olhares. Projetamos uns nos outros aquilo que temos de pior em nós e quando encontramos outros que estejam vibrando na mesma frequência, abrimos a arena do conflito. Qualquer bobagem vira briga, discussão, e espargimos um pouco mais de energia negativa na vida dos outros, trazendo para nós mesmos esta mesma negatividade.

Contudo, quando fazemos justamente o contrário e com um simples sorriso, ou um simples bom dia, ou uma simples brincadeira 'sem noção', estamos espargindo sementes de luz e positividade que podem semear naquele mesmo instante e voltar para nós com um sorriso e uma resposta honesta: "bom dia para você também!". Mas se não voltar, não desista! Empaque na atitude positiva e insista em semear a leveza. Sem saber, você pode estar abrindo na mente daquela pessoa justamente a janela de Luz que seu anjo da guarda precisa naquele exato dia. E os Erês a seu lado agradecem.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Sim, Verdadeiros Magos Negros Existem - Mas Felizmente São Poucos

Um dia desses, um paciente com o qual vinha empreendendo uma verdadeira luta para que largasse as drogas, recebeu 'de presente' um livro espírita chamado "Legião", do Robson Pinheiro. Foi decididamente o melhor presente que alguém poderia ter lhe dado, pois ele teve a oportunidade de ver ali, na boca de outra pessoa, coisas sobre as quais eu vinha lhe falando há anos. Ele chegou ao consultório com os olhos esbugalhados e me perguntou se eu o havia lido e se o que ele dizia era verdade: "magos negros existem mesmo?".

Conheço algumas coisas do Robson, mas não li este livro em especial. No entanto, posso afirmar, por experiência direta, que sim, os magos negros existem e são piores do que qualquer coisa que se possa descrever. Comecei a pensar, então, se deveria escrever alguma coisa sobre esta minha 'experiência' com as Sombras, mas estava em dúvida, pois este assunto é espinhoso. Na segunda, quando estava me preparando para sair do consultório, ouvi a voz do guia chefe do centro ao qual sou filiada me dizendo que algumas coisas poderia contar e outras não - é, parece que o 'Além' anda lendo meu blog...

Entrei no carro e fui ao Centro, disposta a confirmar se o que eu havia ouvido intuitivamente viera realmente dele ou se era alguma 'sugestão de outra fonte' - afinal este blog é pessoal e não um espaço para textos técnicos. A coisa já ficou 'gozada' na hora que cheguei, pois mesmo com a casa lotada, encontrei uma vaga na porta. Sem ficha, eu esperava ficar lá algumas horas para ser atendida no final. Negativo, o ogã foi olhando para a minha cara e me mandando entrar para falar com o Guia Chefe. E, da boca de seu médium, sentada ao lado do altar, ouvi de viva voz exatamente o que tinha ouvido no consultório. Portanto, vamos lá: falemos da 'psicologia' dos Magos, até onde nos foi autorizado.

A primeira coisa importante para entender como funciona a mentalidade de um mago negro, é diferenciá-lo de obsessores comuns. No consultório recebo todo tipo de obsediado e diferencio as obsessões entre simples e complexas. Obsessões simples são aquelas engendradas por um ou dois indivíduos, encarnados ou não, e que, reverberando com os elementos do inconsciente do obsediado, lhe atrapalham a vida, mas não causam prejuízos em sua funcionalidade, não o tornam incapacitado para nada. Uma obsessão complexa, contudo, normalmente é realizada por um grupo maior de indivíduos, regra geral desencarnados, e leva a um estado de perturbação mental e emocional que pode, no decorrer do tempo, prejudicar enormemente a capacidade para a vida. Em médio e longo prazo, ambos os casos podem levar à desorganização perispiritual e, consequentemente, à perda da saúde (como descrevo no post "Obsessão, Parceria Maldita).

Em ambos os casos, ainda, a expressão-chave que define o processo é "motivação pessoal". Na obsessão complexa, o indivíduo teve em algum momento de sua história espiritual condições de prejudicar um grupo grande de pessoas e seu sentimento de culpa, aliado ao sentimento de ódio que provocou nos outros, abre as portas para uma vingança, às vezes 'organizada', às vezes totalmente caótica. Na obsessão simples, contudo, nem sempre encontramos do outro lado do processo alguém que de fato queira prejudicar o obsediado - às vezes é um 'amor' desta ou de outra vida que foi preterido ou ficou para trás e que não se conforma com o afastamento. A palavra-chave, portanto, nos dois tipos de obsessão é 'emoção', seja ela ódio ou apego.

Na magia negra, no entanto, a coisa muda muito de figura. Não há uma motivação 'pessoal', um vínculo direto entre o mago que a empreende e sua vítima. Eles, inclusive, olham para os obsessores com amplo, total e absoluto desprezo, e os chamam de 'gentinha de visão estreita'. Sem exceção, todos os verdadeiros magos negros têm uma mente brilhante e um controle absoluto de suas emoções - algo que um obsessor comum não tem mesmo! A palavra-chave que define sua psicologia é 'controle', pois a partir deste conseguem 'poder'. Sob 'régio pagamento', um mago negro até aceita colocar seus conhecimentos à disposição de um obsessor; mas entenda-se por 'régio pagamento' algo equivalente ao que os romances e contos de fada chamam 'vender a alma' e passar muitos milênios 'prestando serviços' na crosta planetária, pois os magos não saem de seus esconderijos para pôr em prática seus 'projetos': mandam seus 'contratados' fazê-lo.

Mas também podem puxar para si, através de complexas operações magnéticas, aqueles que têm o azar de se tornarem seus alvos. Lembrem-se que essas são pessoas que têm total autocontrole e, portanto, sabem chegar de mansinho e ir se imiscuindo na mente e no campo áurico do 'alvo' de uma forma muito sutil. São maravilhosos magnetizadores e têm, ainda, um profundo conhecimento da psicologia humana. Normalmente disfarçam muito bem suas sugestões venenosas, inserindo no meio de 100 verdades a mentira que irá atingir sua meta. E podem tomar a forma de quem bem entendem, pois também dominam a plasticidade do perispírito. Muitos deles são os 'verdadeiros' responsáveis pela 'descoberta e venda' de novas drogas que podem chegar até nós como venenos disfarçados de remédios. Eles também são os 'pais' das armas e têm predileção especial por aquelas de extermínio de massas.

Mas o que 'ganha' um mago negro eliminando vidas? A força vital que é liberada é um 'ganho'. Outro é a energia deletéria, da mágoa ou do ressentimento, com a qual a vítima de uma 'droga' tipo talidomida convive diariamente. Eles também se alimentam da energia das vítimas das desventuras provocadas pelos obsessores que os contratam. Com estas e outras formas de pensamento e sentimento negativo, eles 'fortalecem' seus domínios e se tornam realmente poderosos. Portanto, seus planos são amplos, e não se limitam a um 'caso pessoal'. Obviamente eles precisam de 'pessoas' para comandar e materializar seus 'projetos', mas não as escolhem por motivações, digamos assim, 'mesquinhas', e sim pelo potencial que elas possam ter, naquele momento, para lhe trazer 'lucros'.

Isto significa dizer que, para se tornar 'merecedor' da atenção de um mago negro, o encarnado tem que atender alguns pré-requisitos: precisa ter na consciência ou no inconsciente o mesmo desejo de controle e, de alguma forma, precisa estar dando vazão a este desejo. E, além disto, precisa realmente ter, ou estar bem próximo daqueles que tenham, a capacidade de atingir um grupo grande de pessoas. Quando decide interagir 'pessoalmente' com um 'alvo' (e não mandar um 'terceirizado), o mago negro começa a lançar sutis fios magnéticos na direção da vítima, que a põem em um estado hipnótico de fascinação. A partir daí, começa a lhe dar sugestões pós-hipnóticas que, disfarçadas de 'grandes idéias/descobertas' vão lhe abrindo portas e aumentando sua capacidade de influência. O resto não é difícil imaginar. Mas não pensem que ser um instrumento de um mago negro dá à vítima algum tipo de 'status' diferente que o de 'mero instrumento'. O seu desprezo pelas pessoas 'comuns' não se esvai em momento algum, mesmo que elas estejam lhe trazendo grande satisfação. E tão logo este instrumento tenha cumprido sua finalidade - ou tenha acordado e, sob proteção espiritual, desfeito os laços magnéticos - ele lhe volta as costas, como se fora uma carcaça totalmente devorada pelos abutres.

Mas, calma. Nada de pânico: aqueles que, mesmo tendo algum tipo de poder ou influência nas mãos, estejam bastante atentos ao seu próprio inconsciente e à natural vaidade humana que nos faz a todos desejosos de admiração, e que não deixam que estes sentimentos os dominem, nem sejam a justificativa para a compensação de sentimentos de baixa-autoestima ou insegurança, têm menores chances de serem 'eleitos'. E se, além disto, estiverem sempre atentos às igualmente grandes e poderosas forças do Bem que, de esferas celestiais, também exercem ampla influência sobre a humanidade, têm ainda um escudo especial, chamado Amor Divino, que jamais se quebra se for abraçado com o coração.

Para finalizar, preciso repetir aqui o que disse ao mentor na segunda-feira: no íntimo, tenho compaixão destas pessoas. Tenho plena consciência de que a diferença entre eles e eu, por exemplo, é apenas o tempo, pois sei que um Guerreiro da Luz não evolui sem passar pelas Sombras - ainda que isto tenha ocorrido há milênios. Mas, por isto mesmo, sei que eles não são 'brincadeira' e não devem ser acessados de forma leviana. Eles são a face escura da Mãe Divina e, por menos que eles mesmos reconheçam isto, estão cumprindo propósitos evolutivos. Seus métodos e projetos nos ensinam sobre nós mesmos e nos proporcionam o desenvolvimento da consciência através do 'tanque de lágrimas'.

PS: acho que depois deste post fica fácil entender o porquê de eu pôr em cheque qualquer sugestão que me chegue através da via mediúnica... não estou acima de ninguém, não sou melhor que ninguém e como cuido de muitas pessoas, sei que posso ser vítima de 'sugestões' que podem se revelar grandes armadilhas.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Amor em Duas Versões: Sim, os Pets Também Reencarnam

Aqui e ali um paciente que acabou de perder um animalzinho de estimação me pergunta, normalmente com os olhos marejados, se acredito que eles também reencarnam. "Ora!, eles também estão na cadeia da evolução - e é claro que reencarnam!" E a história que vou contar a seguir ilustra muito bem isto.

O condomínio para o qual me mudei em 1998 fica numa região rural e, quando a aqui cheguei, minha casa era apenas a segunda da rua. Eu saí de um bairro a 8 km do centro da cidade e vim morar aonde judas perdeu as meias - as botas ele perdeu antes! Isolada no 'fim do mundo' eu me senti bem segura até quinze dias depois da mudança quando - aproveitando o fato de que o muro ainda estava sendo fechado - 'ladrões de galinha' roubaram a bomba que jogava a água do poço para a caixa d'água. Na época eu tinha duas fox-paulistinha que não deram o menor sinal de que estávamos sendo furtados: tínhamos saído de um apartamento e elas ainda não tinham entendido que deviam 'cuidar' de todo o lote. Além disto, nenhum ladrão que se preze teria medo de cadelas com meros 5 kg.

Ao descobrir o furto me senti péssima e decidi que precisava de um cão maior. Tenho uma tia que, mesmo sem muitos recursos financeiros, tem o 'hábito' de resgatar cães de rua, cuidar deles e achar-lhes um lar - sim, essa birutice é 'de família!" Liguei para ela e perguntei se havia no seu 'plantel' algum cão adulto, grande ou de porte médio, que estivesse para adoção. Tinha. Ela o havia resgatado da rua no dia em que mudei e a primeira informação que me deu era de que ele não era muito bravo, mas impunha respeito. Entrei no meu Kazinho e fui buscar meu guardião de quatro patas do outro lado da cidade. Ao chegar lá a informação mudou - ele era 'um tanto bravo', mas foi amor a primeira vista.

Com o passar das semanas, ele se revelou o cão mais bravo que já conheci na minha vida, com uma atitude protetora sobre mim que apavorava qualquer um - ele sabia qual era sua missão, e a levava 'a ferro e fogo'. Mas comigo ele era simplesmente um doce, um bebezão dengoso que se jogava na minha frente para que eu lhe coçasse a barriga. Com ele me sentia tão segura que quando a fechadura do portão estragou, levei meses para arrumar - simplesmente fechar o portão era suficiente, ninguém se atrevia a chegar perto.

Durante quase nove anos, meu amor de quatro patas só permitiu que se aproximassem de mim, ou permanecessem dentro de minha casa, cinco pessoas: meus pais, meu irmão, uma grande amiga e a veterinária, por quem ele também se 'apaixonara'. Com todos os outros, eu tinha que prendê-lo, pois o 'ataque' era certo. Mas um dia ele ficou velho, a barba embranqueceu e, em novembro de 2006 eu olhei para ele e senti: ele está indo embora. A veterinária, que mesmo sendo católica-apostólica-romana, era 'obrigada' a ouvir minhas intuições duvidou quando eu disse: não havia qualquer indicação clínica para aquela informação, pelo menos até aquele momento.

Mas, no início de janeiro ele adoeceu seriamente. Começamos - a veterinária e eu - uma luta forte para salvar-lhe a vida. Nada resolveu e quando, finalmente, ele foi desenganado, pedi licença a seu espírito, aos guardiões dos cães, e decidi que iria sacrificá-lo sob anestesia. À guisa de uma loba, que sacrifica um filhote que esteja mortalmente ferido (como Clarissa Estés conta em Mulheres que Correm com os Lobos), quis libertar-lhe o espírito e livrar-lhe de uma agonia que poderia durar mais de 24 horas. Decisão tomada, deitei a seu lado no chão, pois ele nem conseguia se levantar mais, e assim ficamos abraçados por mais de uma hora esperando que outra veterinária da clínica viesse 'realizar o procedimento', pois a que nos atendia não tinha condições emocionais. Conversei com ele, agradeci e chorei muito na despedida: lá se foi meu 'filhão'.

Dias depois, contudo, comecei a ver seu espírito transitando pela casa - o amor era recíproco e ele não iria me abandonar. E por mais que eu explicasse para ele que ele havia feito um bom serviço e as labradoras e uma fox-paulistinha que resgatara há pouco mais de um ano - que na época eram "as cães" que eu tinha, pois as duas outras fox já haviam desencarnado - tinham aprendido muito bem com ele a cuidar de mim e da casa, ele não se permitia seguir em frente. Tão teimoso quanto eu, também não 'largaria o osso' de sua missão.

Em meados de janeiro do ano seguinte, num domingo, ao deitar para o cochilo depois do almoço, eu tive uma visão: via-o como fora antes de morrer e depois o via encolhendo até tomar a forma de um filhote. Voltei para o corpo imediatamente e exclamei: "Ah!, seu danado, você está voltando!" Liguei as minhas antenas e comecei a 'procurá-lo' - sabia que ele estava por perto e que se eu ficasse bem ligada o encontraria novamente.

E isto aconteceu em abril. Um dia, contrariando meus 'hábitos' resolvi ir à clínica comprar vermífugo para 'as meninas' ao invés de pedir que viessem entregar. Ao chegar o veterinário de plantão olhou para minha cara e lascou a pergunta do nada: "Você não tem pena disto?" "Pena, pena de quê?!" "Jogaram uma ninhada de cães num container de lixo; nós os resgatamos e colocamos para adoção." Meu coração pulou - meu bebezão certamente estaria naquela ninhada! E eu o identifiquei de cara. (Mas também trouxe três de seus irmãos, pois realmente fiquei com muita pena de todos e quis dar uma vida boa àqueles cães que entraram no mundo sendo tratados de forma tão cruel. Infelizmente duas de suas irmãs acabaram tendo uma morte trágica dentro de minha casa, mas isto eu conto outra hora).

Quando trouxe aquela 'bolinha de pelos' para casa, batizei-o com o mesmo nome, liguei para a amiga que também fazia parte 'dos amores' de sua outra vida e contei a história. Ela, que é uma médium fenomenal, veio vê-lo: e também o reconheceu. Ele não demorou muito para demonstrar as mesmas manias e o mesmo perfil psicológico e isto era claro para quem o conhecera em sua 'primeira versão'. Mas a comprovação final veio da fonte mais inesperada: a veterinária cristã-ortodoxa. Quando fomos lhe aplicar a segunda dose de vacina ela olhou para ele e, demonstrando certa perplexidade, exclamou: "Ora, você escolheu o nome certo para ele - ele é a cara do 'véio' (como ela o chamava)." Respondi que sim e fiquei dando risada por dentro: ela identificara a 'energia' - fisicamente eles são tão parecidos quanto o Gordo e o Magro!

domingo, 7 de agosto de 2011

Eu sou uma lenda... e isto não é paráfrase!

Todo mundo sabe que uma lenda urbana, para ser uma 'boa lenda', tem que ter elementos que possam divertir ou assustar aos ouvintes. São historietas que imagino serem criadas por pessoas que desejavam se fazer importantes aos olhos dos outros e que venderam, como fatos verídicos, distorções da realidade - quando não mentiras completas. E por 'mero acaso' descobri um dia desses que já fui o personagem principal de uma dessas 'lendas'.

Há pouco mais de seis meses comecei a atender uma mulher que havia sido, quando criança, minha vizinha. A diferença de idade entre nós é de oito anos, e se hoje isto ainda é razoável - 38/46 -, na época era um abismo, pois ela ainda era uma menina e eu já estava em plena adolescência. E por mais que eu fosse sempre muito gentil com ela, nunca sentamos para 'bater um papo'.

Voltando ao presente, lá pela terceira ou quarta consulta, um dia ela se empertigou todinha na poltrona, me olhou, meio de soslaio, e falou: "posso fazer uma pergunta?" Eu respondi, calmamente, que sim. E aí ela soltou: "É verdade que você falou com o espírito do Elvis Presley?" Caí na gargalhada. "Não, claro que não", respondi depois de parar de rir, "de onde você tirou isto?". Ela suspirou aliviada, encostou na cadeira, e contou que quando era pequena ela, e todas as crianças da sua enorme turminha, sabendo que eu era 'médium', passaram a acreditar, em algum momento, que eu tinha falado com o Elvis. E mais: ele não só 'falara' comigo, mas havia aberto a portaria para mim. Ela contou que naquela época passava por mim e quase morria de medo, pensando, "ai meu Deus, a garota que fala com o Elvis".

O impressionante desta história é que até o exato instante em que eu desmenti, ela ainda continuava acreditando nesta fantasia que alguma outra criança inventou para se fazer "importante portador de um conhecimento secreto". E eu fiquei me perguntando quantos outros daqueles meninos e meninas permanecem até hoje acreditando nessa bobagem. Mas não pude deixar de brincar e disse a ela que da próxima vez que alguém falasse que "Elvis Não Morreu", ela poderia responder: "Morreu sim, e veio para o Brasil abrir a portaria para a minha vizinha!"  
 

Quando a Beleza não é Bela

No mundo patriarcal, ser bela nem sempre é uma bênção; às vezes pode trazer consequências nada bonitas. Não vou aqui contar histórias de estupros ou fazer qualquer discurso feminista ou sociológico; apenas contar mais um "causo" de minha experiência pessoal que ilustra, sem dúvidas, o quanto pode ser arriscado para uma Donzela bonita se relacionar com um homem que esteja preso a conceitos arcaicos.

A história que vou contar aqui é a do meu casamento, que aconteceu quando eu era ainda bem novinha, meros 17 aninhos, com um homem dez anos mais velho, que conquistou uma moça bonita, mas não soube pagar o preço de lidar com esta beleza. E, para piorar a situação dele, apesar de bem novinha, eu era e sou um espírito livre - fiel, mas livre - e a 'solução' que ele arranjou para lidar com os próprios ciúmes deus asas a este espírito.

Começa assim: ali pelos três meses de casada, um dia saí da escola e fui com uma amiga a um show - de nem lembro mais do que. Estamos falando do início da década de 80, de uma época sem celulares, o que significa dizer que eu apenas liguei para casa, avisei que ia ao show e ele só teve notícias de mim quando cheguei. E quando eu cheguei, encontrei-o 'enfurecido' de ciúmes. Deixei ele descarregar toda sua raiva e respondi pausadamente, baixando o tom de voz, que "se ele pensava que eu era 'esse tipo de mulher', não devia ter casado". Por 'esse tipo de mulher' ambos estávamos nos referindo à traição, algo que não faria e não fiz durante todo nosso relacionamento.

Ele engoliu seco e recuou. Urano bem aspectado no meu mapa natal tinha dado o primeiro recado: se você me quiser a seu lado, não tente me prender. E ele entendeu. Mas, a partir daí, começou lentamente um movimento curioso: nunca ia comigo a lugar algum. Fosse aonde fosse - hospital, supermercado, festa de família, reunião de amigos, etc. -, eu estava sempre sozinha. Isto foi o jeito que ele encontrou para não ter que lidar com sua possessividade e ciúme: eu chamava atenção "demais" e ele adotou a política de 'o que os olhos não vêem, o coração não sente'.

E foi entrando numa zona de conforto... Isto eu entendia e não cobrava, fazia parte de suas limitações. Mas o que eu não sabia ainda é que ele não só sentia ciúmes, mas sentia também o peso da insegurança que ele mesmo criou para si ao casar pelos motivos errados. Por "motivos errados" estou falando da vaidade de um homem que um dia, num papo simples, como quem fala de compras de supermercado, sem mágoas ou ressentimentos, comenta, num brilhantíssimo 'ato falho', que não havia casado por amor, mas "porque eu era muito bonita e ele não queria me ver casada com seu primo", que eu namorava antes dele. Eu era o troféu de uma disputa. Muito patriarcal isto, não acham?

E eu, por outro lado, mesmo reconhecendo ter aceito um casamento precoce para sair de casa, casara sim por amor - Vênus no ascendente, lembram?! - e sustentei esta "solidão a dois" em nome deste amor. Mas também havia outras  coisas em nossa relação que eu pesava como muito positivas: tínhamos uma afinidade mental impressionante e, além disto, sexualmente ele foi um parceiro incrível. E havia ainda um outro detalhe importante para mim: quanto mais solta ele me deixava, mais eu aprendia a buscar recursos dentro de mim. Do meu jeito, fui transformando o positivo em negativo.

Meu casamento durou sete anos antes de entrarmos para as estatísticas - 60% dos casais que perdem filhos acabam se separando. Mas não acabou por nenhum outro motivo se não pela minha constatação de que eu estaria sempre sozinha ao lado daquele homem. Continuávamos tendo uma afinidade mental acima da média, mas nossa vida sexual ia esfriando quanto maior o sentimento de solidão se fazia em mim. No dia do nosso aniversário de sete anos, sentei na frente dele e perguntei: "você é feliz?". Ele respondeu que não. Eu também disse a mesma coisa. Um mês depois eu pegava meus discos, meus livros e minhas roupas e ia morar numa kit, dormindo num colchão no chão.

Mas, quando ele percebeu que eu começava a sair com outros homens, voltou a me rondar, todo promessas. Ele estava perdendo seu 'troféu'. Reatamos ainda duas vezes, até eu concluir que ele agora era um bom amigo, mas meu amor de mulher por ele já havia se esvaído na solidão. E esta amizade ainda durou muitos anos, até que um dia eu pedi socorro como amiga e ele também preferiu ficar em sua zona de conforto. Foi a gota d'água.

Preciso, contudo, ser muito justa nesta história. Ele era um homem 'doente' em muitos sentidos, mas não era um homem mau. Era apenas um filho do patriarcado que não soube lidar com ciúmes e preferiu manter a política do "avestruz."  Eu o amei muito e também o ajudei bastante com esse amor. E ele reconheceu isto ao me dizer um dia que 'eu transformara vinagre em vinho'.

Por seu turno ele foi, certamente, o melhor 'professor' que eu poderia ter tido. Com meu pais eu já havia aprendido que tinha que cuidar sozinha de minhas questões espirituais e emocionais; mas foi com meu ex-marido aprendi a ter que lidar sozinha com todo tipo de problema e dificuldade, fosse ela sentimental ou prática. E aprendi, ainda, a pensar de forma realmente independente. Somados, estes aprendizados me habilitaram a cuidar dos outros.

Hoje quando penso no meu ex-marido, espero que ele realmente tenha aprendido a ser 'um vinho bom' na vida de toda e qualquer mulher que tenha cruzado seu caminho desde então - e espero que ele tenha aprendido também a se relacionar pelos parâmetros do amor, e não da vaidade "masculina".

"Ai, se mamãe me pega agora, de anágua e de combinação" - Chico Buarque

A letra é do Chico, mas a popularidade veio com as frenéticas, em meados de 80. E a música "tocou" em minha mente no momento exato em que recebi o convite para o lançamento do livro de um amigo, na quarta-feira que vem. Mesmo saindo do consultório com todas as antenas ainda ligadas, vou dar 'o braço' para os ciganos que me protegem e ir para um boteco do outro lado da cidade. Dois motivos me levarão lá.

O primeiro é que, como escritora, sei que somos muito sensíveis, mas no dia do lançamento de um livro estamos à flor da pele. Enquanto o escrevemos, nosso 'leitor' é imaginário, uma figura construída em nossa mente, sem rosto, sem corpo, sem identidade. Mas no dia do lançamento aquele 'ser etérico' ganha forma, corpo e humanidade. E sabemos intuitivamente que, por menos que este indivíduo queira, ele irá fazer um julgamento sobre nosso trabalho, ainda que seja o simples "gostei ou não gostei". Milhares de coisas passam em nossa mente nesse dia: será que consegui me expressar direito? Será que há erros de revisão? Será que essa pessoa na minha frente vai conseguir me entender? Será que irá recomendar a outros? Será que todo o meu trabalho de escrever foi em vão? ... E por aí vai. Portanto, é uma questão de solidariedade ter a máxima paciência com um escritor no dia do lançamento de seu livro e fazer o que for preciso para estar lá - mesmo que seja contrariar minha tendência natural de sair do consultório e refugiar em minha casa.

Mas o outro motivo é bem menos 'nobre' e muito mais divertido: curiosidade "felina". O livro de meu amigo é um romance escrito a partir de relacionamentos íntimos que ele teve ao longo da vida - e nós já tivemos 'um casinho'. Enquanto estávamos juntos ele comentou detalhes do projeto e sei que é 'baseado em fatos reais'. Mas depois que ficamos 'só amigos' ele nunca mais falou no assunto e toda vez que eu me colocava à disposição para fazer a revisão, ele saía pela tangente. Macaca velha, tenho sérias suspeitas de que ele usou nossas noites insanas para criar pelo menos uma personagem secundária e estou mega curiosa de saber como ele retratou 'aquilo'. E se, de fato, o tiver feito - hu! hu! -  lá se vai minha fama de "moça de família"! kkkkk

sábado, 6 de agosto de 2011

"São" Camilo, o Cristal da "Anja" e a Mula Empacada

Na linha de 'contar causos', escolhi hoje uma história que, do meu ponto de vista, começou pesada e se desenvolveu de forma bem divertida até um resultado emocionante. Devido a natureza do meu trabalho e ao compromisso que assumi - ajudar aos outros não só com técnica, mas também com amor e dedicação -, convivo com muita proximidade com guias de alta frequência espiritual e posso afirmar que quanto mais elevado o guia, mais bem-humorado ele é. Estar próximo do amor divino traz paz e alegria ao coração e, diferente do que os encarnados acreditam, estar 'morto' nessas condições não tem nada de 'mórbido'. Mas posso afirmar, também que os guias são pessoas, não arquétipos, e, por isto mesmo, não têm somente os sentimentos de alegria, mas também se entristessem e até podem se aborrecer quando nós empacamos. E se forem da linha de Iansã então, corremos um certo risco de tomarmos 'uma lavada', às vezes gentil, outras não. E este 'causo' ilustra bem isto.

No final do segundo semestre do ano passado eu estava à beira da exaustão. Desde o início do ano, dois de meus pacientes estavam sob risco de morte devido a problemas emocionais que haviam se transformado em doença física. Um deles passava por uma quimioterapia pesada que poderia dar em lugar nenhum - como de fato aconteceu e ele sobreviveu e vem sobrevivendo graças a 'outras coisas' e não ao tratamento da terra.Decidi, então, que iria doar um pouco da minha energia vital a eles, mas principalmente a este último. Mas isto estava me exaurindo; aos olhos de todos comecei a murchar. Retendo em mim todo o negativo, conseguia continuar meu trabalho e nem para os meus cães eu deixava a energia que estava drenando passar. Em dado momento comecei a perceber minha aura cheia de buracos e o sentimento de exaustão se fazia presente no momento exato em que acordava. Fui advertida por meus guias a parar com aquilo, mas como meu sobrenome é "Mula Empacada", avisei que não largaria o osso até que aquela quimioterapia terminasse, pois ela estava fazendo mais mal que bem. E terminaria apenas no fim do ano. As pessoas viam o que estava acontecendo, mas como sou reservada, ninguém teve coragem de perguntar exatamente o que era - e eu não responderia, afinal, quem acreditaria?!

Paralelamente eu tentei de tudo: florais, homeopatia, rituais e, até, contrariando meu perfil, participei de dinâmicas coletivas e rituais em grupo abertos ao público. Nada resolvia; melhorava, mas não resolvia. A única coisa que ainda não havia feito era ir ao Centro ao qual sou espiritualmente filiada. Desde que minha agenda começou a conflitar com os dias de gira, me afastei fisicamente da corrente: os pacientes são prioridade.

Em meados de agosto, uma entidade que não conhecia, se aproximou de mim e falou: "Você tem que ir à Cristalina". Respondi: "Cristalina?! Fazer o quê em Cristalina se tenho um monte de cristais aqui?" Ele se afastou. Aquilo era um 'não', pois além de não saber de onde vinha a sugestão e nem o que deveria buscar, dentre minhas características existe uma que espanta a todos: de-tes-to viajar, com todas as forças do meu ser! Sou um 'bicho de raiz', uma árvore disfarçada de gente, solidamente plantada no quintal da minha casa. E descobri isto em 1993, quando morei dez meses em outra cidade, e odiei - mas isto é um outro caso que depois conto.

Sugestão ignorada, a exaustão me consumia. Passadas algumas semanas, lá vem de novo: "você tem que ir à Cristalina". Desta vez dei um argumento concreto: "não vou pôr um Ford Ka na estrada e viajar sozinha sabe Deus quantas horas", e esqueci o assunto. Eu, porque ele não. Um tempo depois, sem que eu ligasse os fatos até então, me deu um comichão para trocar de caro. Numa noite de sexta fiquei na internet escolhendo qual seria e, doze horas depois, já tinha fechado negócio: um Uno Way 1.4. Cinco dias depois peguei o carro e quase que imediatamente ouvi: "Você tem que ir à Cristalina". A minha ficha caiu e comecei a suspeitar que talvez eu devesse mesmo ir à Cristalina, mas ainda não dei o braço a torcer, desta vez por medo de pegar uma estrada sozinha: "Ok, mas o documento do carro não chegou ainda..." Ele bateu em retirada e deve ter ido se queixar com outros amigos espirituais com os quais tenho mais intimidade

Três semanas depois disto, resolvi 'enforcar' o feriado de 12 de outubro e ir, finalmente!, ao Centro. Consegui ficha para um grande amigo espiritual que, incorporado no médium, já me disse que em 'eras priscas' estivemos reencarnados juntos na matéria, trabalhando em um templo - mas depois eu 'caí', e só nos últimos séculos comecei lentamente a me erguer novamente. Com aquele Vô não preciso dizer nada, ele me entende, me aceita e me ama exatamente do jeito que sou. A seus pés sempre sinto seu infinito amor por mim e, naquela consulta, não foi diferente. Diferente mesmo foi ele 'pedir licença' para que o médium desse passagem a outro guia: Dr. Camilo. Isso mesmo, ele se apresentou como Doutor e deu uma ênfase bem grande ao DR. Reconheci a entidade: a mesma que estava me mandando à Cristalina há quase dois meses. E reconheci também que ele estava 'meio puto'... ô, ô, eu estava encrencada! Ele estava muito 'sério' e me contou que a Mãe Divina o havia designado exclusivamente para tratar de mim e que ele não iria se juntar à equipe para tratar meus pacientes - exceto em casos especiais. Agradeci emocionada e, mesmo ele estando com cara de 'poucos amigos', achei-o um fofo e, na minha irreverência, comecei a chamá-lo para mim mesma de "Camilinho", para ver se adoçava o moço...

Eu iria a Cristalina. Mas restava agora saber o quê, exatamente, ele queria que eu buscasse ali. Incorporado em outro médium, ele não encontrou repertório mental suficiente para me explicar isto - e eu deveria descobrir de outro jeito. Dois dias depois sonhei que estava em um templo repleto de cristais e que escolhia ali um cristal com uma configuração específica  e, também, dois livros. Ao acordar, identifiquei a capa de um dos livros que faz parte da minha biblioteca: "Transmissões Cristalinas", de Katrina Raphaell. Imediatamente peguei o livro e fui olhando página a página até identificar o que havia visto no sonho: um cristal Dow, um mestre que, "além de ser capaz de receber, conter e projetar informação", também nos ajuda a manifestar fisicamente um estado de integridade, unidade, equilíbrio e ordem. Decidido: eu iria à Cristalina no sábado, agora sabendo o que deveria procurar.

Acordei de madrugada e vi o sol nascer (algo bem difícil para quem trabalha até tarde da noite e dorme por volta da meia noite). Entrei na estrada ainda com dúvidas se conseguiria ou não encontrar o cristal, pois estava tão exausta que poderia simplesmente não o identificar. Olhei para o Irmão Sol, disse a ele que sabia que ele via tudo, que conhecia tudo e pedi que me guiasse exatamente ao que deveria encontrar. Tenho que confessar que ainda estava 'rabugindo' por estar viajando e, além do mais, sem experiência para dirigir na estrada, sentia medo. Mas fui. De quebra, iria aproveitar para procurar também alguns outros cristais importantes que não são muito fáceis de encontrar, como o bastão de cianita azul, o bastão de quartzo fumê e a selenita.

Chegando na cidade, entrei na primeira loja e fiquei muito tempo ali. Consegui algumas das pedras que queria, mas "ele" não estava. Parei na segunda e, de novo, só encontrei outras pedras - todas importantes - mas não a que era alvo da viagem. Ao sair desta loja eu já estava muito, muito cansada. Comprar um cristal não é como comprar uma roupa ou outra coisa qualquer. É preciso se sintonizar com a energia de cada peça, deixar que ela impregne seu campo áurico, entrar em sintonia com o Ser que a criou, colocar sua necessidade e ouvir a resposta  -  tudo isto no meio de um monte de gente com todo tipo de aura. E essa troca é ainda mais complicada que isto, pois muitas vezes são peças impregnadas de cobiça, inveja e pouca ou nenhuma energia curativa.

Mas eu tinha uma meta e segui para a loja seguinte. Quando entrei, na soleira da porta, eu sabia que 'ele' estava ali. Numa bancada havia mais de 50 pontas de cristais. Olhando de cima, fui analisando uma a uma e identifiquei um Dow. Ainda não estava segura, mas pedi para a atendente pesá-lo e continuei olhando outras enquanto ela saiu. De repente uma pedra 'brilhou' de longe. Me aproximei e vi que era outro Dow. Erguia-a a  altura dos olhos e quase tive um treco: ele não era 'só' um transcanalizador, ele também era um Templo Dévido e, dentro dele, era possível identificar com absoluta perfeição a forma de uma figura feminina, coberta por um manto com capuz, tendo uma espécie de asa enorme atrás de si e se encaminhando para algo que parecia a entrada de uma caverna. Era como se ela tivesse sido  pintada ou esculpida de luz. Quando a vendedora voltou com o outro cristal, mostrei a pedra para ela e perguntei: "você está vendo um anjo aqui?" (vai que eu já estivesse alucinando...) Ela pegou a pedra, arregalou os olhos e abriu a boca em espanto: "estou!" Aí a minha irreverência voltou: "você não tem medo dessas coisas?"...

Ao chegar em casa descobri que além da "Anja", ele também tem um outro Ser, este muito próximo da forma com que identifico alguns guardiões que não são humanos - seres longilíneos que também possuem asas - e um triângulo que, dentro de si, tem um véu se abrindo. Durante a semana seguinte levei este cristal para o consultório e o apresentei a quatro pacientes que também têm uma conexão forte com este reino e que se beneficiariam em aprender, olhando, a identificar essas características.  Foi a única vez que ele saiu de minha casa desde que chegou. Trabalhando com ele e com as outras pedras muito fortes que também trouxe (fiz um stike na minha conta e no cartão de crédito!), um mês depois eu já não sentia mais exaustão e, antes do fim do ano, todos já identificavam que eu tinha 'voltado à vida'. Passei a chamar o Dr. Camilo de "São" Camilo, pois aquilo era visivelmente um milagre!

Antes de finalizar tem mais duas historinhas nesta viagem que são fantásticas. Na loja em que encontrei o bastão azul de cianita, que mede cerca de 20 cm, e o bastão de quartzo fumê, que tem uns 10 cm, não aceitavam cartão de débito ou crédito. Quando descobri isto já estava na hora de pagar e eu  não tinha levado dinheiro. O dono loja simplesmente olhou para minha cara, mandou a atendente embrulhar tudo, anotou os dados da conta dele num papel e, para meu absoluto espanto, simplesmente me mandou transferir o dinheiro!

A outra história aconteceu no final. Lembram-se que minha viagem começou com um pedido ao Irmão Sol? Pois é... Na hora de pagar pelo cristal da "Anja", que havia ido me buscar tão longe, olhei para a mesa da dona da loja e uma bola de um cristal que eu não conhecia 'brilhou para mim' (deve ser o equivalente mineral de 'piscou para mim'). Perguntei à mulher: "que pedra é essa?!". Resposta: "ah!, é uma Pedra do Sol!". Voltou comigo para casa e continua me guiando toda vez que preciso iluminar um caminho.