segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Guerra e Paz

Neste fim de semana, por causa do calor, rendi pouco ou quase nada... e ontem, enquanto esperava a chuva, liguei a TV e fui fazer as unhas. Ali pelas tantas, começou um documentário sobre a II Guerra e fiquei assistindo. Nunca é demais rever aquelas cenas. Nunca é demais nos lembrarmos quão cruéis e primitivos ainda somos. Mas, também, nunca é demais lembrar o que Jung dizia: "estas guerras que vejo do lado de fora são reflexo direto do que ocorre dentro de mim e de todos nós." E eu concordo com ele.

Em nossa Sombra pessoal existe o 'combustível' que alimenta todas as guerras, do passado, do presente e do futuro. Cada um de nós é como uma pequena bateria de intolerância e agressividade que, somada a todas as outras baterias, cria um grande gerador de conflitos e atrocidades. Quando nos permitimos, por exemplo, olhar para um colega que tem opiniões políticas ou administrativas ou religiosas diferentes das nossas, e cultivamos em nosso íntimo um sentimento de raiva ou censura, alimentamos as guerras e suas matanças com nossa energia. Também alimentamos a guerra quando sentimos rancorosa inveja de quem é mais belo, mais bem sucedido, mais feliz, mais brilhante, tem mais projeção social ou qualquer outra coisa que desejamos e da qual nos ressentimos por não ter. Igualmente, somos agentes ativos da mortandade mundial quando nos achamos melhores e superiores ao próximo por sermos 'mais esclarecidos', mais bonitos, mais socialmente aceitos, e qualquer outra coisa que crie em nós a ilusão de estar 'acima'. Somos agentes de todas as guerras quando nos achamos 'donos' do próximo, quando aninhamos na mente o sentimento de posse que aniquila a vontade e a liberdade de quem amamos. Mas também somos motor de guerras quando nos permitimos nos odiar, nos detestar, nos reprimir, nos censurar, nos auto-flagelar e ter para conosco qualquer outra atitude cujo único resultado seja aniquilar até o último fio de auto-estima e amor próprio.

As guerras que ocorrem neste momento no Oriente Médio não são nada diferentes da II, da I ou de qualquer outra que já houve no mundo. E não estão 'lá', mas aqui, bem dentro de nosso coração, engastalhadas em nossa mente, alimentadas por nossa força vital e pelas formas-pensamento de conflito, superioridade e dominação que temos escondidas ou declaradas em nossa Sombra pessoal. Rever aquelas cenas do documentário foi muito útil para mim ontem, pois pela enéssima vez me fiz a pergunta fundamental: o que ainda existe em mim que poderia estar alimentando o que ocorre da mesma forma, neste exato momento, em algum lugar deste planeta? E, é claro!, acabo sempre encontrando...

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