sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Gratidão

Gratidão... uma palavra simples de escrever. Um sentimento difícil de se fazer explicar. Mas hoje foi ele quem me motivou a ligar o computador e vir escrever, mesmo depois de um dia exaustivo. Isto porque tomei conhecimento de que uma das fundadoras do Centro no qual trabalhei e ao qual ainda sou espiritualmente vinculada veio a falecer na terça passada, vítima de um câncer de fígado diagnosticado apenas há dez dias atrás. Morte súbita se pensarmos que nem ela nem a família estavam preparadas para tal. Mas, como costumo dizer, a causa da morte é só o nome que damos ao irrevogável passaporte que nos leva de volta à Pátria; chega do jeito que for, na hora que tiver que ser, e não há nada que a impeça. E foi assim com essa Dona.

Não, não éramos íntimas, mesmo eu tenho sido terapeuta da filha dela, quando ainda nem tinha consultório e atendia delivery, cumprindo o irrevogável chamado dos meus guias, e vencendo todas as dificuldades, a ferro e fogo! Mas isto não foi problema para ela: ela acreditou em mim quando muitos ainda achavam estranho uma terapeuta que ia em casa, por estar evidentemente começando na jornada. Sou-lhe grata por isto! Mas não só por isto: é mais sério ainda. Esta senhora, junto com seu esposo e um casal de amigos, na casa de um deles, começou o trabalho que daria, anos depois, origem à Casa de Umbanda que em mais de 40 anos ajudou incontáveis consulentes, deu guarita a médiuns de todos os graus de conhecimento e evolução espiritual, possibilitou a manifestação de guias espirituais de todas as falanges de luz. À pessoa que me deu a notícia, e que também é do Centro, foi o que eu disse: "Temos todos uma dívida de gratidão com ela e com os fundadores. Se eles tivessem fraquejado, se tivessem desistido, não teríamos aquela Casa."

Poucos pensam nisto, mas é só nisto que eu penso: o quanto cada um de nós deve a todos aqueles que vieram antes e preparam o terreno para que nós vicejássemos. Aqueles que no passado se debruçaram para fundar um grupo, um centro ou algo que depois caminhou sozinho e serviu de porto para as gerações futuras são todos merecedores de nossa gratidão. Merecem nossa gratidão mesmo que não tenham tido personalidades fáceis, como no caso desta Dona. Comigo ela sempre foi cordata, atenciosa e mesmo carinhosa. Em um dia qualquer, chegou a me fazer confidente, a desabafar sobre o quanto lhe doía o que diziam dela (sim, toda Casa tem seus conflitos e disse-me-disse). Mas ainda que não fosse assim, ainda que tivesse me tratado do mesmo jeito espalhafatoso com que a vi tratar tantas outras pessoas, eu ainda lhe teria a mesma gratidão. Devo muito a meus guias, meus amigos espirituais. E teria sido mais difícil se aquela Casa que essa Dona ajudou a fundar não existisse, pois ali reconheci muitos deles, afinei minha mediunidade e recebi a força e o incentivo necessários para continuar na matéria e realizar meu trabalho. Essa Dona, portanto, foi um elo, apenas um elo, mas como todo elo, importante numa corrente que me fez chegar até aqui, no dia de hoje.

Ao chegar em casa, liguei para o meu amigo que é médium na mesma Casa e combinamos uma 'reza' conjunta: ele de lá, eu de cá. Dois filhos de Iansã, trabalhando para outra filha de Iansã. Peguei o tambor. Acendi uma velha. Invoquei nossa Mãe. Fiz uma primeira batida forte, de proteção, para a isolar do sentimento de choque e dor daqueles que aqui ficaram. Depois fui suavizando o toque, entoando mentalmente Amor e Paz, mandando calma, pedindo serenidade nesta readaptação no mundo espiritual. Terminei sentindo-a descansar (algo que ela só vai fazer enquanto durar o transe magnético, pois era extremamente ativa! Segue a minha linha: não vai 'descansar' nem depois de 'morta'!).

Terminamos a 'reza'. Foi o mínimo que pudemos fazer diante do tanto que ela nos ajudou a receber. Gratidão. Sentimento bom de sentir. Alegria gostosa de poder dizer: Dona C. Muito Obrigada!!!!

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