sábado, 12 de novembro de 2011

Pois é...

Às vezes sinto como se estivesse caminhando pela trama de um tecido, pelos fios de uma malha. Uma coisa puxando a outra, um elemento intrinsecamente conectado a outro. Conscientemente sei que é assim: mas note que eu disse que 'às vezes eu sinto' - e isto é diferente de saber. Quando se 'sabe' algo, têm-se uma informação que, apenas depois de bastante digerida e assimilada pela alma, poderá vir a se transformar em conhecimento. Este, por seu turno, engloba pensamento e sentimento numa única esfera: e quando algo chega neste nível, podemos realmente dizer que compreendemos este algo.

Pois bem, refazendo a mesma frase do início: às vezes me aproximo da verdadeira compreensão de que minha vida não é feita de uma sucessão de atos isolados por uma linha espaço-temporal, mas de um conjunto holográfico de atos que compõem um existir. E, nestes últimos meses, tenho percebido este holograma de uma forma bem mais concreta que em qualquer outro período de minha vida.

Olhando em retrospecto, na última semana de outubro completou-se um ano da entrada do Cristal da Anja (post 'São Camilo...") na minha vida; e vejo claramente o quanto mudei neste último ano. De forma às vezes sutil, às vezes ostensiva, a influência deste Templo Dévico sobre mim é evidente de várias maneiras e em várias áreas; mas indubitavelmente foi na Magia o seu maior impacto. Sem muito planejamento consciente, muitas vezes apenas seguindo um impulso, fui agregando ao longo deste ano outras abordagens energéticas que se somaram a tudo que eu já utilizava - e que convergiram de formas inesperadas e, muitas vezes, curiosas.

Hoje, por exemplo, eu estava em uma sala com outras sete pessoas, participando de um workshop sobre tambor e, no fundo da sala, o livro 'Deusas da Galeria Celestial', de Romio Shrestha, estava em um cavalete, aberto na página da Tara Verde! (Post anterior - aliás achei a idéia tão interessante que já copiei, pois o meu ficava em cima de um móvel.) Quem leu o post 'O Tambor' viu ali que minha conexão mais forte com este instrumento de poder começou com as músicas da Carolyn Hillyerr. Eu obviamente já tinha um tambor que veio de uma xamã peruana e foi feito na cabaça; mas só o tocava em ocasiões muito especiais. Contudo, a Carolyn reverberou tão fundo na minha alma que mandei vir do outro lado do Atlântico um instrumento que tenho tocado com freqüência, ora acompanhando as músicas dela, ora de forma totalmente intuitiva. E isto é, honestamente, a coisa mais forte para mim. Contudo, ainda assim resolvi participar deste workshop, pois como as 13 Xamãs estão do lado de cá do oceano, quis aprender os chamados toques tradicionais do xamanismo norte-americano e ver quais são as semelhanças e diferenças em relação ao que já tenho feito (sempre lembrando que a força maior de uma magia, qualquer que seja, é aquela que vem pura do coração - e isto pode ou não estar de acordo com a tradição).  Portanto, sob certos aspectos, minha presença ali não passava de curiosidade científica... pelo menos era o que minha consciência imaginava. Mas, como tem acontecido nos últimos meses, o Inesperado sempre põe uma vírgula aonde eu achava que viria um ponto.

Antes de qualquer coisa, iríamos ser conduzidos em uma visualização cujo propósito era nos colocar em contato com o chamado animal de poder (algo que desde o primeiro post deste blog me intriga profundamente e até me traz um certo receio pelo grau de responsabilidade que gera). Ô ow!, eu tinha posto este 'assunto' de lado, loiramente acreditando que a ignorância seria a melhor alternativa... e tinha conscientemente passado por cima da informação de que esta 'busca' também fazia parte da proposta do workshop... mas, como já estava lá (e não dava para sair correndo!), entrei de coração na visualização, procurando me manter isenta de expectativas, intenções e, claro!, receios.

Depois do relaxamento inicial, que conseguiu me desconectar do barulho urbano, o comando nos mandava para o que se chama 'lugar de poder', e aqui a coisa já ficou interessante, pois fui parar exatamente no mesmo lugar que começou a 'viagem' do post 'De Volta para Casa'. Assim que 'pus os pés' lá, antes de qualquer comando ou chamado, praticamente antes mesmo de eu acabar de chegar e contemplar a paisagem, ouvi o pio de uma Águia ecoando pelo vale. Arrepiante! Na condução da visualização deveríamos entrar numa caverna e encontrar ali o guardião de todos os animais de poder, que iria nos dar permissão para encontrar o nosso na saída da caverna... eu entrei, o pio da Águia me acompanhou e, quando saí, lá estava ela, majestosa em sua força... quando tudo terminou, o som continuou reverberando dentro de mim e, ao chegar em casa, comecei uma pesquisa na internet justamente para confirmar se aquele pio era mesmo de uma Águia. Não demorou para achar um vídeo que começa exatamente com o mesmo pio - e meu coração pulou no peito, como se tomado de uma emoção totalmente desconhecida para mim, algo que vou levar dias para entender...

... Eu estaria faltando com a verdade se não contasse que quando voltei à consciência duvidei de mim mesma. Já disse inúmeras vezes que minha atitude inicial é sempre submeter qualquer coisa que acontece ao escrutínio da consciência e apenas quando suportados todos os testes lógicos e racionais é que afirmo que algo é como parece ser. E eu duvidei simplesmente porque a primeira coisa que me veio à mente quando 'voltei' foi o encontro com o Xamã do Supermercado. Certo que a meu 'favor' existia o fato de que nestes dias eu estava trabalhando uma música de proteção da Carolyn que invoca uma Ursa Branca e seria mais fácil minha consciência 'torcer' a visão para algo no qual eu que estava ligada minutos antes de chegar no workshop - e não para um episódio que relatei em 12 de agosto. Mas, por hábito ou vício,  coloquei a questão em suspenso assim mesmo: nem sim, nem não, aguardemos os fatos...

... nem precisei aguardar tanto assim: na saía, na calçada de uma das avenidas principais da cidade, com árvores no canteiro central, mas cercada de prédios por todos os lados, uma pena! Sim, uma pena, a quinze passos da saída do workshop. Não era de Águia, obviamente!, mas isto não me impediu de abaixar humildemente, recolhê-la e trazê-la para casa. Está ali no altar... agora me cabe estudar sobre a Águia.

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