terça-feira, 15 de novembro de 2011

'Isso' é um Problema! E Falar 'Daquilo' é Outro Problema!

Ontem minha comadre comentou que ao ler os posts deste blog fica impressionada com o quanto eu me observo e me analiso. Minha primeira reação foi começar a rir, pois para mim a capacidade de se auto-observar é algo inerente ao ser humano e quando ela - ou qualquer um - me diz isto, vem na minha mente um desenho animado de um peixinho dizendo para o outro: "Nossa, como você consegue ficar tanto tempo debaixo d'água?!" Brincadeiras à parte, sei que é um hábito que a cultura não alimenta e, por isto, parece algo tão misterioso. E sei também que qualquer coisa que nunca se tenha feito ou que não se faça freqüentemente ganha ares de 'mistério' facilmente. Além disto, nem posso rir muito dos outros, pois, desde domingo, estou eu lidando justamente com algo que é fácil para a maior parte das pessoas mas que para mim é um grande 'problema'. Como costumo brincar no consultório, não dá para o macaco sentar em cima do rabo para falar do dos outros... Se não, vejamos:

No post "Lua Cheia de Novembro" comento no final que a Mãe Divina, através do Oráculo, me incitava a trabalhar a Casa VII procurando me permitir receber ajuda e 'delegar' algumas coisas aos outros. Se Ela tivesse me pedido para atravessar o oceano caminhando talvez fosse mais fácil para mim!!! Eu tenho uma dificuldade fora do normal de ser apenas receptora, em qualquer circunstância. Mas consigo, sob controle, manter a pose e não me meter facilmente aonde não sou chamada. Do ponto de vista exterior, isto costuma bastar; mas do ponto de vista interno é sempre uma queda-de-braço com meu impulso de ajudar, contribuir, colaborar. Como analista sei que se por um lado são estes impulsos que tornam os grupos solidários e sólidos, também sei que individualmente é uma porta aberta para a sombra do 'faz-tudo, sabe-tudo, pode-tudo'. E, também como analista, sei que essa mal-disfarçada Superwoman é um convite para o Self me tacar uma lasca de kriptonita bem no meio da testa!

Curiosamente é mais fácil quando vejo que a questão não tem a ver com as 'dinâmicas de grupo', mas com os processos individuais. Sei perfeitamente bem que quando alguém está sofrendo, aquele sofrimento está servindo a algum propósito que me foge à compreensão e, por isto mesmo, deve ficar fora da minha alçada até que a pessoa me peça ajuda. Mas quando se trata de sentar o traseiro numa almofada, relaxar e apenas receber alguma coisa... ai, ai. Aí lascou-se. Some-se a isto a minha visceral dificuldade de ser 'mulherzinha' e tiro zero de vez! Antes que eu mesma pisque o olho, já estou pedindo licença para acrescentar alguma coisa, metendo a mão num processo que não fui chamada ou carregando tantas sacolas de supermercado quanto os homens presentes...

... sei lá, estou há tantos anos fazendo tudo por mim mesma que acho que sou capaz de ficar vermelha de vergonha - tipo assim: como um pimentão! - se alguém resolver carregar alguma coisa para mim. Me sinto como se estivesse fazendo 'corpo mole'. Note que o problema não seria problema se eu me comportasse de forma 'igualitária'. Contudo, o que o Oráculo quis dizer foi a mesma coisa que ouvi de todos os meus amigos, todos os meus familiares e também todos os homens que passaram pela minha vida: eu não deixo 'espaço' para o outro se sentir necessário na minha vida. Eu consigo entender o que eles me dizem. Mas não consigo explicar que, principalmente quando se trata de minha própria vida, 'não consigo não agir primeiro e perguntar depois'. Ainda há muito trabalho a fazer... e talvez eu devesse pedir ajuda (?! - rss).

... Mas nem tudo foi puxão de orelha neste fim de semana. Para equilibrar este fiasco, aconteceu tanto na meditação do plenilúnio, quanto no final do workshop do tambor, um fenômeno que tem se tornado cada vez mais freqüente desde o ritual citado no post Terra e Espiritualidade: ser invadida por uma onda de prazer que inunda todas as células do meu corpo. Se dosassem minha serotonina, apontaria uma 'overdose'! Eu ainda não descobri exatamente como faço isto, por isto fica muito difícil explicar. Só posso dizer que... que... nem sei o quê! Deixa eu tentar de novo: sabe quando se está próximo de atingir um orgasmo? Mas no orgasmo o prazer é genital, certo? Neste caso o prazer é no corpo inteiro: da pontinha do pé até o último fio de cabelo. Literalmente minhas células pulsam... Não é um 'gozo' - é melhor que isto, exatamente por ser energizante! Consegui me explicar? Espero que sim: por enquanto é o máximo que consigo.

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