domingo, 11 de setembro de 2011

A Força da Mulher do Sol Poente

Tenho que começar este post declarando aos quatro ventos que estou chocada, no bom sentido! Para ritualizar a Lunação de Setembro e procurar juntar a necessidade de trabalhar meu processo criativo (post "Perguntas Criativas"), estabeleci que iria realizar dois rituais complementares: o primeiro seria no pôr do sol de ontem e o outro será no pôr do sol de hoje. Ambos ocorrem durante o trânsito da lua sobre minha Casa V, e a força invocada para trabalhar seria da Mulher do Sol Poente.

No processo, decidi que no primeiro dia iria produzir um Filtros dos Sonhos verde. Passei a tarde de sexta buscando os materiais para este filtro e, depois de atender meus pacientes à noite, sentei para cobrir o aro com uma fita verde, enquanto recitava uma música da Carolyn Hillyer:

Buzzard call you back to the wild Land
Heron fly you home
Journey to the soul of your own land
Where the mothers wait for you return
Heron fly you home


Na tarde de ontem fui à feira de artesanato e consegui comprar de um índio Pataxó um palito de cabelo com penas de arara (eles recolhem as penas na muda dos pássaros) e selecionei duas que têm tons de amarelo e vermelho (a primeira cor em referência ao ar, e a segunda ao sangue/sentimento). Em outras bancas, comprei uma pena de pavão e um cristal de quartzo rosa que incrustei num fio dourado. Também selecionei cinco pedriscos de quartzo rosa que iria inserir no fio. Isto totalizou nove elementos (três penas, seis cristais), pois este é um número feminino. Na sexta ainda havia comprado uma loção aromatizadora para travesseiro com lavanda, chá verde e gerânio que queria magnetizar para usar como outra forma de conexão física com a "Guardiã dos Sonhos de Amanhã".

Na hora marcada para iniciar o ritual, estava tudo preparado no altar. Depois de chamar os elementos, comecei lendo em voz alta a poesia do post anterior, de frente para o sol poente. Fiz uma dança na qual buscava com a mão esquerda a força da Mulher do Sol Poente e a trazia para um chacra (na ordem: frontal/cardíaco/esplênico/base), levando em seguida com a mão direita num amplo gesto que representava que distribuía isto em minha vida. Minha invocação foi: "Mãe, me ensine a viver a Verdade da(o) minha(meu) mente/coração/poder/criatividade
e a levar a Sua Verdade para minha vida." Depois abri o círculo e me sentei para fazer o filtro.

Isto levou algumas horas e, ao terminar, já estava na hora de dormir. E foi aqui que fiquei 'chocada'. Duas horas depois acordei com o primeiro parágrafo de um livro inteirinho na mente. Palavra por palavra!, este ritual me deu a linha pela qual devo conduzir o trabalho literário com o qual vinha me 'debatendo' há duas semanas, pois nenhum dos artigos que escrevi me trouxe o conforto que vem da alma quando estamos no caminho certo (posts "Terra e Espiritualidade", "Recorrendo aos Universitários" e "Golpe Baixo"). Estava tão insatisfeita com o que estava produzindo que peguei alguns artigos de Jung para reler e fui rever "Quem Somos Nós?", na intenção de provocar um insight e achar um 'fio de meada'... acabei achando uma meada inteira! E mais: no sonho que tive à noite, comentava com alguém que eu iria enviar de uma vez três livros para registrar... ora, só se eu escrever três livros de uma vez! Acordei com a impressão de que um deles é exatamente a revisão de Música da Psique (post "O Olhar do Outro"), pois a pessoa com quem comentava havia escrito 'uma música' que eu queria utilizar no meu trabalho... mas o outro não tenho nem idéia! A Mulher do Sol Poente, portanto, pôs fim à minha embrionária 'carreira' de articulista da psique e me mandou de volta para uma forma de expressão que conheço bem: livros. Mas foi muito gentil, e já me deu o primeiro parágrafo... (risos).

Hoje o processo de ritualização continua: no pôr do sol repito o ritual de ontem e depois me sento para reproduzir em argila um totem que a Jamie fez de ossos (há uma foto no livro citado no post anterior). Ainda que não seja do mesmo material, decidi fazer isto porque aquela imagem simplesmente não saiu da minha mente durante toda semana: bastava ficar um pouco quieta que a via claramente diante de mim. Inicialmente eu pensei em fazê-la durante o dia e sacralizar no ritual. Mas a temperatura, que está agora em torno dos 32 graus, é impeditiva para trabalhar com argila - se se molhar demais o material durante o trabalho, ele racha quando seco. Obviamente que depois de esculpida, irei voltar muitas vezes a trabalhar com ela, pois há pinturas e adornos a serem postos. E há um lado bom de se trabalhar assim: consolida-se a força de um ritual.

... amanhã eu vejo o que a noite posterior a isto me trará. Se "só" um Filtro dos Sonhos já fez o que fez, nem consigo imaginar o que um totem de argila será capaz de fazer. O trabalho com argila é um trabalho com o elemento Terra e os junguianos conhecem bem a força que este material evoca no inconsciente: é, de todas as formas de arte-terapia, a que mexe mais profundamente. Há mesmo a possibilidade de que eu só veja os efeitos ao longo de dias ou semanas, pela própria capacidade de mexer nas estruturas de base da psique. Mas não vou antecipar nada... já vi o suficiente para saber que estou lidando com um aspecto da Mãe Divina muito mais potente para mim do que jamais poderia imaginar - e eu tenho que confessar que ainda estou tentando entender tudo isto...

... Ontem, antes de dormir, estava pensando no quando o totem que a Jamie apresenta é diferente de tudo que eu já havia visto. Esteticamente ele foge completamente às regras, mas ainda assim é muito belo - de um jeito que não consigo explicar. Quando me sentei na cama, olhei para uma imagem de Lakshimi que tenho voltada para minha cama e falei mentalmente com Ela: "Mãe, eu A amo tanto que, para mim, a Senhora é bonita em todas as suas expressões!"

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