terça-feira, 27 de setembro de 2011

Lua Nova (parte 1): Encontro de Ciganos

Hoje é Lua Nova e, claro!, comecei no início da semana passada minhas pesquisas de como iria ritualizá-la este mês. Estava eu no meio dessas reflexões quando fui convidada por um amigo a irmos, sábado, na Casa de uma Mãe de Santo do Candomblé, que também é amiga nossa: ela iria fazer um 'toque' e o cigano dele já havia avisado que iria descer. Opa!, estou dentro!!!, falei sem nem pestanejar. O cigano em pauta é um grande amigo espiritual de eras priscas com o qual interajo mediunicamente com muita facilidade, mas que, por motivos alheios à nossa vontade, há anos não encontro 'ao vivo' - ou seja, incorporado em seu médium.

Então no sábado lá fui eu, linda e loura, animadíssima por estar fazendo uma lua nova bem diferente: uma bruxa, num terreiro de Candomblé, interagindo com entidades de Umbanda. Cheguei quando a gira já havia começado e entrei na Casa no momento exato em que se cantava para Iansã... pensei comigo "isso promete". Depois que cantaram para todos os Orixás, a Babalorixá da casa incorporou sua pomba-gira e, minutos depois, começo eu a me 'tremer'... a minha cigana 'encostou' e disse: 'também vou descer'. E a Mula que vos escreve respondeu: 'não Senhora; a Senhora não tem permissão da Casa". Pensam vocês que ela foi embora? Ledo engano. A 'coisa' foi apertando... apertando... e eu dava umas desequibradas... e ela ia dizendo que ia descer... e eu ia respondendo que não podia... e ficamos nesta função até a Mãe Pequena da casa começar a rir do outro lado do terreiro, atravessar na minha direção e dizer, "deixa a Mulher descer'. Nem terminou a frase: sobe a Bruxa, desce a Cigana!

... Esta Cigana é uma outra grande amiga espiritual com a qual tenho uma ligação tão profunda que não consigo descrever. Ela é, ao mesmo tempo, suave e forte; uma entidade de alto grau espiritual, que tem pleno domínio sobre si mesma. Uma sacerdotisa de tempos imemoriais, lavada e curtida em encarnações incontáveis. Sua magia é sutil, mas poderosa. Sua sabedoria está acima de nossa compreensão. E é do tipo que trabalha em silêncio: fala pouco, mas quando fala em seu espanhol rápido, coloca minha voz num timbre forte, e diz apenas o necessário (pensando bem agora, ela deve mesmo é falar um bom 'portunhol', pois fala tão rápido que falasse em espanhol mesmo, ninguém devia entender - só agora isto me ocorreu!). As pessoas que tiveram a oportunidade de estar com ela no Centro no qual trabalhei, dizem que ela é pontual e precisa em suas colocações. E eu, que a conheço 'por dentro', posso completar que por trás daquele sorriso existe uma entidade muito, muito firme: ela faz a minha 'brabeza' parecer brincadeira de criança...

... Não sei quanto tempo ela ficou em terra, lembro apenas do que ela disse ao subir: 'estou levando comigo um monte de coisas negativas.' Mesmo sendo médium consciente, preciso explicar que quando uma entidade minha desce, me entrego completamente e ela tem plena liberdade para trabalhar - e quando ela sobe, leva consigo a memória da totalidade do que aconteceu. É um fenômeno curioso para mim e mais de uma vez passei pela situação de encontrar alguém que era consulente de uma entidade minha na rua, ver a pessoa vir conversar comigo na maior 'intimidade' e me deixar com aquela cara de 'eu te conheço???!' até me dizer que era frequentadora do Centro.

... Apenas quem já teve o privilégio de receber mediunicamente grandes amigos espirituais  pode compreender o quanto é gostoso este contato entre eles e nossos perispíritos. E, usualmente, somos contaminados por uma força e um amor muito grande quando isto acontece - e se nos permitimos a tal, claro! No dia seguinte, precisei ir ao Shopping comprar um presente. Na sapataria vi uma sandália maravilhosa, mas com um salto digno de um Everest. A vontade de comprar a distinta foi tão grande que fiquei sem me entender: ora, estou há anos na fase dos calçados rasteiros, por que esta vontade agora??? Saí da sapataria sem a sandália e passei por um quiosque com muitas bijuterias. Subitamente fui invadida pelo 'desejo' de comprar um monte de coisas. Então me questionei de novo: 'caramba, tenho um  monte de coisas em casa, por que comprar mais?' Então a imagem da Cigana me veio à mente e, no meio do Shopping, dei uma gargalhada digna de uma pomba-gira! Ela tem seu próprio estilo: e me impregnou com um sentido de cultivo à feminilidade bem mais profundo do que o que eu já tenho! Hoje volto na sapataria...

... Só para terminar: depois que a Cigana subiu, fui finalmente conversar com meu amigo Cigano. Pedi-lhe ajuda para uma paciente que está doente em outro estado. Falamos também sobre o problema de meu amigo e ele repetiu o que eu já sabia: tudo vai acabar bem para meu amigo, mas mal para o denunciante (posts 'Da Sombra à Luz' e 'Tabula Smaragdina'). Para mim mesma eu não tinha coisas importantes a pedir, mas muito a agradecer: devo muito a todos meus amigos espirituais. Eles são meu porto, meu esteio, meus freios, minhas bússolas, os ombros sobre os quais choro, os rostos aonde encontro os melhores sorrisos. São os 'chicotes' que me desempacam, as luzes que iluminam minha estrada. Minha proteção, meu sentido de segurança.  Meus mestres, os modelos nos quais me inspiro. A fonte e alvo de minha fé. A manifestação 'física' do Amor da Mãe Divina por mim! E todos os dias, quando acordo, me pergunto: "o que posso fazer hoje para ser um pouco mais digna de tanta dedicação espiritual? Que posso mais fazer hoje para seguir os passos de meus guias?" Boas perguntas, não acham???

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