sábado, 24 de setembro de 2011

Tramas do Self

Lá se foram nove dias desde o último post. Mas neste período aconteceram tão fortes comigo que parece que foi há muito tempo. Bem que eu sabia que o livro iria me tirar de outras coisas, mas o fato é que nem escrevi tanto assim. Durante a semana minha agenda pessoal é bem fragmentada, disposta nos espaços matinais espremidos entre o acordar tardio e os atendimentos vespertinos e noturnos. É neste tempo miúdo que cuido dos cães, dos peixes, caminho, cuido da alimentação, do canteiro, estudo, leio, produzo alguma arte ou escrevo... desde que não tenha alguma questão 'atravessada' para resolver - e foi bem este o caso da semana que finda hoje. Estive às voltas com a localização - entre mágica e mediúnica - de uma encomenda que saiu da Inglaterra há semanas e já deveria ter chegado. Parte dela foi encontrada, mas só vou contar a história toda quando resolver de vez o problema. Fica aqui apenas o registro de que o desejo e a vontade dirigida são capazes de influenciar até aqueles que não conhecemos pessoalmente, mas aos quais nos vinculamos energeticamente - o que é uma benção se você souber que faz e como faz, mas pode ser um desastre se não se tiver plena consciência e responsabilidade com o ato mágico. Depois explico: por agora vou deixar o mistério no ar...

... Hoje quero falar do livro. No fim de semana passado, que é de fato quando tenho mais tempo, também não mexi nele, mas por causa dele mesmo: fui participar de uma oficina de bordados que acumulou duas sincronicidades bem interessantes. A primeira foi que o convite para esta oficina chegou em minha caixa de e-mail minutos depois de eu acabar de pensar que estava sentindo 'saudades' de bordar. A segunda foi que esta oficina associa o ato de bordar com a magia de contar histórias e com as danças circulares. No post Linhas da Alma eu relaciono poeticamente meu livro, que se materializou depois de um ritual (post A Força da Mulher do Sol Poente), com o bordado que se constrói ponto a ponto. Portanto, por mais que um lado meu desejasse escrever, outro lado sabia que duas sincronicidades seguidas (da concepção e metáfora do livro com a proposta do trabalho; e a do e-mail) deveriam querer dizer algo, e eu precisava descobrir o que. De fato eu já conhecia o trabalho e tinha até um bordado finalizado para compartilhar com elas - e esta seria, também, uma boa oportunidade. Mas o que aconteceu foi muito além disto.

De manhã foi tudo tranquilo, mas à tarde a coisa foi bem diferente. A história que se contou foi sobre uma menina que queria pôr a mão numa estrela e que, no final, descobre que é possível realizar o seu sonho - ainda que de uma forma bem diversa daquela que imaginou. Aparentemente esta seria apenas uma história encantadora, mas ao mostrar o bordado que realizei no ano passado me dei conta que eu mesma já havia criado uma história para minha sobrinha na qual uma menina-estrela faz de tudo para se transformar numa menina-gente e, ao conseguir, sai pelo mundo distribuindo alegrias. Enquanto a contadora finalizava seu trabalho, eu ia me dando conta de que a história dela e a minha eram complementares e fechavam um círculo perfeito: na minha história a menina 'desce' para realizar o seu sonho; na dela, a menina 'sobe' para fazer a mesma coisa. Não bastasse isto, ali, bem no meio da contação da história, eu fiz uma conexão até então incompreensível para mim entre estas duas 'meninas' e o nome que assumi neste blog.

No ano passado eu não tinha ainda recebido o nome Mulher das Estrelas das 13 Xamãs e, portanto, só vi a história que criei do ponto de vista de uma tia puxa-saco. Mas, como psicanalista, confrontada com tudo que aconteceu entre o momento no qual criei aquela história e este momento agora, preciso reconhecer que meu inconsciente certamente sabia que um ano e pouco depois eu iria estar exatamente ali re-significando o conceito 'menina-estrela'. No contexto destas duas historinhas infantis, a interação entre a menina e a estrela é sinônimo da felicidade que se obtém ao buscar e ao realizar sonhos e desejos. E até uma criança conseguiria entender isto. Mas quando se introduz neste contexto o fato de eu ter recebido um nome mágico que me relaciona com estrelas - tal qual as 'meninas' - a coisa ganha ares de numinosidade, principalmente porque se há uma coisa na qual acredito com todas as forças do meu ser é que meu trabalho de ajudar aos outros a ampliar suas consciências os leva a encontrar a verdadeira alegria que vem do Self. Simbolicamente, caminho pela vida exatamente como a menina da historinha que criei no ano passado: distribuindo alegrias (ainda que até chegar lá o paciente se lave em muitas lágrimas...). Não as alegrias passageiras de uma vida passageira; mas aquelas que vêm da alma, do espírito, do Ser profundo e Divino, da Herança Estelar em todos nós.

Perceber que meu inconsciente criou lá atrás uma história que se costuraria perfeitamente com o momento mágico que eu viveria na lua nova de julho e, além disto, iria fazer sentido apenas e tão somente quando eu me dispusesse a escrever um livro, dar a ele a conotação poética de um bordado e, por causa disto, participar de uma oficina na qual se contaria uma outra história que fecharia o ciclo, foi forte - muito forte. Ainda bem que meu lema é 'quando estiver pronta, estou acabada', pois este truquezinho de auto-conhecimento que meu Self me impôs mostra que ainda tenho a aprender e muita, muita estrada para percorrer...

... Quanto ao livro propriamente dito, está ali pelas 15 páginas - somente! - por tudo que foi explicado acima. Mas preciso registrar que ele já nasce com uma dívida de gratidão a este blog e a seus leitores, pois o tom informal e orgânico (como bem definiu minha comadre) dos 43 posts publicados até agora foi transposto para lá. Estou conseguindo 'conversar' com o leitor, expor o lado humano do meu trabalho e, além disto, mantendo uma linguagem de fácil entendimento. Mesmo quando esbarro na necessidade de uma explicação mais técnica, lembro do feedback de uma leitora do artigo do meu site (post Recorrendo aos Universitários) e crio a imagem mental de um leitor-adolescente e não de um psicanalista experiente. E nestas poucas páginas produzidas até agora já pude perceber que ele irá sim explicar tim-tim-por-tim-tim conceitos tão técnicos quanto complexo materno, complexo paterno, complexo autônomo, possessão pela anima/animus, homossexualidade etc. No fim das contas, acabei percebendo que até mesmo este blog, cuja motivação consciente foi apenas compartilhar coisas que não saio por aí falando abertamente, foi engendrado por meu Self com um objetivo muito mais amplo do que a consciência poderia perceber em 01 de agosto: me ensinou a escrever com a clareza e a informalidade necessárias para este próximo projeto literário.

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