sexta-feira, 12 de agosto de 2011

As Três Faces da Mesma Moeda (Parte II): O Lado Ruim de Viver Entre Mundos

No último post expliquei minha pequena e persistente cruzada pessoal para tornar meus encontros fortuitos com vizinhos e prestadores de serviço uma oportunidade de semear boas energias, mesmo sem saber ao certo como, quando e até 'se' essas energias irão frutificar. Agora quero explicar que nem sempre consigo estar tão atenta, quanto acredito que deveria estar, quando cruzo com pessoas na rua. Não é incomum que até mesmo pessoas conhecidas venham se queixar comigo dizendo que passaram do outro lado da calçada, acenaram e eu não respondi. Eu normalmente peço desculpas e explico que sou TDHI - mas esta é somente parte da verdade, pois a verdade completa está muito menos na funcionalidade diferenciada de um cérebro hiperativo do que na estrutura do meu mapa natal, que tem o Sol na Cúspide de XII.

Mas vamos com calma: na astrologia consideramos que o início de uma Casa - chamado de Cúspide - é seu ponto mais forte - e o exemplo mais conhecido é o Ascendente, que nada mais é que o ponto inicial da Casa I. Sem querer entrar em descrições técnicas, pois este não é o foco do post, basta explicar que o Ascendente define, grosseiramente falando, a forma como vemos e interagimos com o mundo - e vice-versa. A Casa XII, por seu lado, representa o inconsciente, o mundo além das aparências, o mundo das energias intangíveis. E o Sol, no mapa feminino (de acordo com a astrologia que faço, pois há correntes que têm outras interpretações para o Sol), representa o espírito, a parcela da psique que devemos buscar para nos sentirmos completas. (Enquanto a Lua representa a personalidade feminina e também nosso lado instintivo - no mapa masculino isto se inverte: o Sol é a personalidade e a Lua, a Alma.)

Pelo parágrafo anterior, fica fácil entender que eu nasci, sou de carne e osso, mas tem um lado do meu espírito que só foi começar a 'descer' depois dos 30, quando o Sol progrediu o suficiente para chegar e ultrapassar o Ascendente. Mas mesmo que ele já esteja há muitos graus dentro da Casa I, a base, a raiz do meu Mapa Natal aponta para o fato de que uma parte de mim está e sempre estará 'do outro lado'. Se formos nos ater apenas à ortodoxia do Livro dos Médiuns, poderíamos dizer, sem margem de erro, que sou uma médium nata com habilidade de bilocação. Mas o ponto principal vai mais além um pouco, pois não sou apenas capaz de estar em um lugar e me desdobrar para outro; também sou capaz de acessar as camadas do inconsciente e universos paralelos - tudo isto com os olhos bem abertos, diga-se de passagem (vide post Encontro com a Mulher Terra).

Para preservar a integridade física do meu cérebro, e meu equilíbrio emocional, na esmagadora maioria das vezes que isto acontece fora do consultório, meus guias bloqueiam o fluxo de informação e não deixam que eu tome conhecimento de exatamente aonde estive e o que fui fazer - principalmente no que diz respeito aos desdobramentos espirituais. Médiuns amigos meus, contudo, já tiveram a oportunidade de, estando batendo papo comigo, me verem 'sair do corpo' e ir 'atender a algum chamado urgente'. Olhando para meu rosto, tudo que essas pessoas vêem é que eu fico um pouco mais desatenta - e é exatamente como me sinto: mais 'lerda' que o normal. No consultório, contudo, a coisa muda bem de figura, pois ali preciso estar totalmente consciente do que, exatamente, estou fazendo, com quem estou falando e aonde vou. E ali, também, os pacientes mais perceptivos vêem claramente que eu 'dei uma saidinha', ainda que seja capaz de continuar conversando e registrar perfeitamente tudo que me dizem.

Fica claro, portanto, que esta 'habilidade', muito bem descrita pelo meu Mapa Natal, é uma 'bênção no meu trabalho; mas é um verdadeiro problema na minha vida pessoal. Não sem razão, as pessoas muitas vezes se sentem desconsideradas por mim. E se juntarmos isto ao fato de que o TDHI é distraído por natureza quando não está hiperfocando, pode-se imaginar a quantidade de trapalhadas que vivo diariamente. Contudo, tirando o lado chato de saber que muitas vezes magoo familiares e amigos por não lhes dar a toda atenção que merecem, aprendi há anos a rir de minhas patetadas como, por exemplo, colocar um café na xícara e 'esquecer' de beber, ou ligar para um paciente e perguntar o porquê de ter colocado um alerta com o nome dele no celular, ou guardar a garrafa térmica na geladeira e ficar procurando depois como uma biruta... coisinhas assim que me fazem parar e dar boas gargalhadas. Mesmo que para os outros seja incompreensível que eu me divirta tanto pelos meus 'esquecimentos', o fato é que são engraçados mesmo.

Eu só gostaria de conseguir estar mais inteira com as pessoas do meu círculo pessoal e fora do meu consultório; mas é um desejo do ego, pois o Self tinha outros planos ao escolher a hora do meu nascimento. Portanto, se você me conhecer algum dia e depois disto vier a passar por mim na rua sem que eu lhe preste a menor atenção, venha até mim, fale comigo, me 'chame de volta' - e não me leve a mal, por favor, mas é que eu simplesmente não estava ali!

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