segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Encontro com Hécate

Outro CD da Carolyn que me foi emprestado foi o Grandmother Turtle e a música "Grandmother Weaves-The-Wind" foi a próxima a me 'fisgar'. Ela começa com uma teatralização de um encontro entre uma mulher e Hécate em um espaço sagrado que fica 'em nenhum lugar'. Durante o diálogo, Hécate pede à mulher que lhe entregue 'sua loucura' e esta responde que 'precisa de sua loucura', como se não pudesse abrir mão daquilo. Hécate, então, decide 'varrê-la' porta à fora para que ela aprenda a voar enquanto vozes em segundo plano lhe dizem que ela sabe voar em seus sonhos e, portanto, deve usar sua memória. Isto me inspirou a realizar um ritual para Hécate.

Hécate, a Senhora da Lua Negra, a que guarda os caminhos sempre acompanhada por seu cão de três cabeças, me pareceu uma excelente Deusa para invocar neste 'ano de menopausa'. Simbolicamente se diz que na menopausa a mulher retém o fluxo criativo dentro de si mesma e desenvolve, a partir disto, a sabedoria. Era, portanto, isto que iria buscar.

Usei o Goddess Tarot de Kris Waldherr como referência, perguntando qual arquétipo poderia ser, neste momento de minha vida, a ponte entre eu e a Sabedoria de Hécate. A carta retirada foi Dez de Copas que neste tarô traz a imagem de um arco-íris refletido no Oceano calmo e encimado pela lua cheia. Em termos gerais, o Dez de Copas reflete o último estágio do desenvolvimento emocional, a completa realização. O arco-íris é, para mim, uma ponte e também um símbolo de leveza e alegria. O oceano é um símbolo para o inconsciente e a Lua Cheia é a plenitude.

Como cartas que representassem 'minha loucura' retirei O Príncipe de Paus (que neste tarô representa o entusiasmo que se perde por não se manter o foco) e O Príncipe de Ouros (que representa a falta de humildade). Em termos gerais a primeira carta é uma carta de Fogo que convida ao entusiasmo e à exuberância, e a segunda é uma carta de Terra que convida ao trabalho diligente em pequenas coisas

Desta vez escolhi um trânsito lunar que passasse sobre a conjunção do meu ascendente com Vênus, pois o ascendente é a forma como nos relacionamos com o mundo e Vênus é o planeta do amor, emocional por natureza.

No dia do trânsito, comecei o ritual varrendo a casa e repetindo em voz alta que varria para fora de minha vida a falta de diligência e a falta de humildade. Em seguida preparei 'um pão ancestral' - apenas água, farinha, sal, azeite e fermento - que pus para crescer no sol. Convém explicar que quando realizo um ritual incluo no mesmo todo o momento de preparação, o que faz com que às vezes ele dure horas.

Na hora marcada, altar montado, fechei o círculo, invoquei os elementos, dancei quatro músicas que havia selecionado, deixando "Grandmother Weaves-The-Wind" por último. Depois me sentei para o encontro com Hécate.

Chego em uma casa antiga, de pedras, e encontro a porta aberta. Entro e há no centro da sala uma Senhora muito idosa e também muito, muito parecida com uma Bruxa com a qual sonhei em 1999. Ela está com um meio sorriso nos lábios e tem um ar 'matreiro' - exatamente como no sonho de doze anos atrás - como que se divertindo às minhas custas. Ela pergunta o que quero e respondo que vim lhe entregar 'minha loucura' e obter um pouco de sua sabedoria. Ela dá uma gargalhada e me responde que "Sabedoria não se obtém, mas se constrói com leveza e um certo grau de irreverência". Tira do bolso um monte de fitas coloridas e me manda de volta. Fico atônita com a resposta e mais ainda com aquelas fitas. Mas ela não me deu tempo de perguntar o que fazer com elas. 

Depois finalizo o ritual comendo um pedaço do pão e abro o círculo. Vou até meu ateliê, pego um monte de fitas e ponho no meu altar permanente. Iria descobrir depois o que fazer com elas. Teria que refletir também sobre a resposta, pois eu esperava ouvir qualquer coisa, menos que precisava ser mais bem-humorada e ter um certo grau de irreverência. Até então eu sempre me considerei uma pessoa com uma boa dose de bom-humor e bastante irreverente. Mas pelo visto ainda não é o suficiente... contudo, quando vou reler o sonho de 99 entendo que de fato 'está pouco'. Nele, eu, esta Bruxa e um homem estamos sentados em um banco dando sonoras gargalhadas por causa de um sapo. Eram tão 'sonoras' que acordei com o som de minha voz. Recomendo: acordar às gargalhadas dá um bom humor incrível!

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