quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Encruzilhadas da Vida

De duas uma: ou eu dou o braço a torcer e passo a tomar um 'remedinho' para dormir; ou eu procuro um juiz e peço para mudar meu nome para Insônia da Silva! Venceu a primeira opção - é a providência da semana que vem! Anteontem achei que tinha sido por causa do computador que só tinha conseguido dormir de 4h às 8h30. Ontem, às 4h57 descobri que não foi bem assim... é outro tipo de energia; e a fonte vem de Washington.

Há oito semanas atrás escrevi no meu Livro das Sombras que sentia que a energia do inconsciente de um paciente estava pressionando meu próprio inconsciente de uma forma que não acontecia há anos. Era uma espécie de 'bolha de loucura' que ameaçava emergir na consciência de alguém, mas como esta pessoa ainda não tinha 'surtado', não conseguia saber qual, dentre os 35 pacientes que tenho, estava borderline. Jung adverte explicitamente aos analistas que a transferência de energia negativa do inconsciente do analisando para o analista é algo real e que devemos estar completamente atentos a isto. A chamada 'transferência', essencial para que o processo de cura aconteça, é, desta forma, muito mais que simplesmente a projeção de fantasias que o analisando faz sobre a personalidade do analista, como Freud quis acreditar. É uma projeção energética.

Mas com tantas outras demandas dos outros pacientes, e sem identificar qual deles era o que estava sob risco, não dei a importância devida ao que sentia. Por sorte fiz rituais muito profundos neste período e, certamente, foi o que impediu a vaca de ir para o brejo de vez. Contudo, a vaidade subestimou o perigo, minha frequência começou a cair e, sem que eu percebesse, abri a porta para que meus cães adoecessem. Há três semanas atrás, sem qualquer explicação fisiológica, dois dos três adoeceçam, um deles gravemente. A veterinária, que é médium umbandista e trabalha com acupuntura, foi categórica: "não tem outro motivo para isto, vem dos seus pacientes!" E, questionada por mim, completou: "Não tem nada a ver com você ou seu pai". E pegou meu calcanhar de aquiles. Meu amor pelos cães em geral, e pelos meus em especial, é algo tão profundo que depois de algumas 'tragédias energéticas' vividas aqui em 2008 - que me colocaram no climatério precoce, literalmente de um mês para o outro - passei a abençoar os meus três vezes por dia e a magnetizar a água que bebem. E, juntando tudo mais que faço para me trabalhar e descarregar o que 'recebo', vinha funcionando maravilhosamente bem.

Mas um borderline é um borderline e o que vem de seu inconsciente sempre tem muita força. Regra geral, recebo e trabalho bem o que vem de todos eles  - juntos. Mas posso garantir que esta minha profissão é uma profissão de risco. Há alguns anos divulgou-se uma pesquisa - acho que inglesa - que mostra que os psicólogos e psicanalistas têm, no mundo todo, em média, uma vida dez anos mais curta que o geral da população. Mas nem isto me assusta, pois colocada na encruzilhada para decidir se queria uma vida longa ou se queria ajudar aos outros, fiz a segunda opção.

Lógico que o paciente não deve, sob condições normais, ter conhecimento de que para o ajudar o profissional desgasta tanto sua mente quanto seu sistema imunológico e suas energias, e que isto lhe encurta a vida. Em dado momento, eles realmente se afeiçoam a nós, e se soubessem da profundidade do impacto que a transferência faz a nós, poderiam tentar reter dentro de si as energias, em prejuízo de si mesmos. Apenas aqueles que, por ventura, também sejam da área de saúde, ou que entendam bem o que seja um 'fluxo de energias' ou, ainda, que tenham atingido um certo grau de maturidade, podem ter um vislumbre da realidade que vivemos nos bastidores. E este é um dos motivos pelo qual procurei e irei procurar retirar de todos esses post qualquer referência pessoal. O outro motivo é óbvio: a maior parte dos analisandos 'precisa' acreditar que somos supra-humanos e não seres de carne e osso, que choram, sofrem, se angustiam. Eles não suportam saber que o que nos diferencia deles é somente a teimosia de continuar levantando depois de cada queda e de aplicarmos com afinco em nós mesmos todos os 'remédios' que prescrevemos.

E a referida paciente é justamente desta última categoria: ela só conseguiu algum progresso até hoje por acreditar, piamente, que sou de alguma espécie diferente da dela. E me disse isto bem no início da análise: que não conseguiria confiar em 'alguém igual a ela'. Começamos nosso trabalho de forma 'presencial', no consultório, e ela vinha evoluindo bem. Em pouco mais de um ano deixou de ter alucinações, deixou de abrir a porta para obsessores, saiu de um quadro de fobia que a impedia de ir na varanda e na cozinha de sua própria kit e começou a namorar. Estávamos indo muito bem. Mas um dia ela recebeu um convite para se transferir para Washington e, sob todos os meus protestos e admoestações de que interromper a análise naquele ponto seria um risco desnecessário, ela aceitou o convite. Seis meses depois recebo o primeiro e-mail, um pedido de socorro: ela estava regredindo.

Me vi, então, em outra encruzilhada: lamentar profundamente, rezar e deixar alguém com um bom coração se perder nas profundezas da mente humana, em um país estrangeiro, e sem qualquer apoio nem mesmo de um familiar; ou fazer aquilo que meus guias sempre me disseram para jamais fazer: abrir as portas de minha casa, ainda que 'virtualmente', para atender um paciente? Negociei uma proteção extra e comecei a atendê-la por Skype. Durante todo esse tempo, inúmeras vezes a ouvi dizer que quando sentia uma pressão muito forte, mentalizava minha pessoa e 'mandava tudo para mim'. Isto é quase 'magia negra'. Mas ela não sabe. E não o faz por mal, mas por desespero. E eu vou aguentando. Mas exatamente na semana da cirurgia do meu pai, na qual eu não atenderia, recebi um e-mail 'estranho' - ela estava sentindo como se estivesse 'saindo da casinha novamente'. Prescrevi um floral, e subestimei novamente o risco.

No domingo daquela semana, contudo, 'do além' eu surtei com um vizinho e o fiz engolir um sapo que não lhe pertencia. Imediatamente fiquei chocada comigo, passei a mão no telefone e liguei para um amigo médium: "acode aqui que eu estou surtando!" Ele me acudiu - que a Mãe Divina o abençoe! -, mas fez coro com a veterinária: 'isto não vem de você nem do seu pai, é alguma coisa de algum paciente que você atende pela internet' (hoje atendo a mais dois que também foram transferidos, mas nem de longe são casos tão graves e só o faço por ter um amor profundo por eles). A ficha caiu, mas como eu só iria atendê-los na sexta, fiquei sem saber qual dos três. Mas, de antenas ligadas, voltei a meu eixo de equilíbrio e meus cães começaram a sarar. Na sexta seguinte, ela e mais outro não puderam se conectar. Continuei no escuro, sem saber para qual dos dois inconscientes deveria dirigir meu foco, pois depois dos florais ela não escreveu mais e o outro estava também às voltas com um conflito que é simplesmente a base de resgate desta encarnação - tudo bem simples, para ser irônica.

Na terça tive o primeiro episódio de insônia e coloquei a culpa no computador. Mas ontem não o liguei depois que cheguei do consultório e, ainda assim, rolei na cama até uma da manhã, quando levantei e vim escrever no blog. Quando terminei, 4h50, deitei novamente e tive um insight de olhar minha caixa de e-mail pelo iPhone: estava lá o e-mail que ela mandara mais ou menos na hora que deitei com frases do tipo: "tive o pior dia da minha vida neste país"; "estou brigando com Deus" e, claro!, "VOCÊ tem que me ajudar!". Amanhã vou atendê-la. E hoje espero conseguir dormir - já sei qual incêndio tenho que apagar.

Para finalizar, preciso dizer que no mesmo domingo que briguei com o vizinho, voltei a sua porta, bati e pedi desculpas sinceras. Disse que não estava bem, mas pus a culpa na cirurgia do meu pai. Não dá para contar para quem não acredita tudo o que contei aqui - podem querer internar a biruta errada...

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