domingo, 14 de agosto de 2011

Viver com Magia - Um Encontro com Héstia

Tenho a plena convicção de que nenhum ritual que eu faça se realiza plenamente até que seja incorporado em alguma atitude ou realização material prática. Em termos objetivos parto do princípio mais do que batido pela física quântica de que toda matéria é energia e procuro concretizar a vivência mágica em atos do meu dia-a-dia. E para mostrar exatamente o que quero dizer com tudo isto, escolhi o ritual de Héstia que realizei entre sexta e ontem.

Tradicionalmente, no dia 13 de agosto se trabalha com a egrégora de Hécate, mas como eu já havia tido um encontro com ela há poucas semanas, achei que seria 'demais' para mim puxar novamente sua energia para baixo. Olhando meu mapa natal, vi que o plenilúnio se daria na minha casa IV, que se refere, em termos gerais, ao lar, à origem e raiz da psique e, por extensão, o associo também com o Self. Uma energia que sempre gosto de trabalhar com trânsitos nesta casa é Héstia, a Senhora da Lareira, que tem um potencial de centralização e organização psíquica muito confortante. Héstia é a antítese do desconforto provocado pelo caos; é a energia que transforma o que está 'cru' e latente, naquilo que pode ser saboreado e absorvido; é a sensação cálida da volta ao aconchego do Lar. Mitologicamente, ela uma deusa virgem que abriu mão de seu 'posto' no Olimpo e ganhou, por isto, o direito de estar presente e ser cultuada em todos os lares. E, apesar ser reportada como uma anciã, os gregos não a representavam com outra forma se não como o fogo que se acendia no centro das casas.

Portanto, juntando a significação da Deusa com a da casa IV, achei ser este um bom momento para dar uma reorganizada psíquica, evocar alguns elementos caóticos - presentes em toda psique, diga-se de passagem - e passá-los pelo Fogo Transformador de Héstia. Comecei na sexta-feira: no momento exato em que a Lua em trânsito fazia uma quadratura - aspecto 'tenso' como grande potencial de evocar conflitos - com o Ascendente. Montei meu escudo de Hematitas e selecionei, dentre as pedras que colocaria nos meus chacras, a Obsidiana e a Rodonita, que são pedras de poder catártico. Poderia ter escolhido também a Malaquita, mas achei que ficaria forte demais. Como 'fundo musical' escolhi o CD da Carolyn Hillyer, Cave of Elders. Comecei pela respiração que sobe e desce pela coluna e, quando a música já não se fazia mais consciente na minha mente, visualizei meu encontro com Héstia. A vi em um ambiente fechado, diante de uma fogueira. Parei em sua frente e, tendo a imagem de um oceano revolto como ponto de referência para o caos, pedi a ela que me ajudasse a liberar a energia ali contida e a reorganizá-la em minha vida. Colocamos juntas esta imagem no fogo e eu a vi se dispersar em fumaça. Tudo durou um pouco mais de uma hora, pois a última música que havia selecionado para o ritual é um mantra budista que tem o potencial de dispersar qualquer energia negativa.

No dia seguinte, a parte prática: como 'concretização' deste ritual escolhi reorganizar o espaço da minha casa, montando duas pequenas estantes que vieram do meu consultório. Mas resolvi, também, arrumar minha caixa de ferramentas (sim, tenho uma caixa de ferramentas que faz inveja em muito homem - rss), pois havia centenas (sem exagero!) de parafusos, porcas e buchas jogados de qualquer jeito. No momento exato em que a Lua começou a fazer aspectos significativos com outros elementos do meu mapa, iniciei o processo, acendendo uma vela, evocando Héstia, colocando para tocar todos os CDs da Carolyn, e arregaçando as mangas. Visto de fora, tudo que alguém poderia dizer é que havia uma mulher montando móveis, empurrando coisas daqui para ali e/ou organizando em potes separados parafusos, pregos, porcas etc. E, lógico, qualquer um que já tenha feito uma organização deste porte em casa sabe perfeitamente que em dado momento tudo o que se tem é o mais completo e absoluto caos.

Isto levou algumas horas, e me custou alguns hematomas e pequenos ferimentos naturais de quem faz as coisas com 'um pé aqui outro no além'. No fim do dia, quando o sol estava se pondo, peguei os papéis que junto para queimar (embalagens, envelopes, revistas velhas: tudo vira cinzas e adubo para a grama na minha casa) e 'concretizei' exatamente a imagem que tinha criado no dia anterior.

Hoje posso dizer que acordei doloridíssima; mas com uma sensação de paz e conforto inigualáveis!

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