domingo, 7 de agosto de 2011

"Ai, se mamãe me pega agora, de anágua e de combinação" - Chico Buarque

A letra é do Chico, mas a popularidade veio com as frenéticas, em meados de 80. E a música "tocou" em minha mente no momento exato em que recebi o convite para o lançamento do livro de um amigo, na quarta-feira que vem. Mesmo saindo do consultório com todas as antenas ainda ligadas, vou dar 'o braço' para os ciganos que me protegem e ir para um boteco do outro lado da cidade. Dois motivos me levarão lá.

O primeiro é que, como escritora, sei que somos muito sensíveis, mas no dia do lançamento de um livro estamos à flor da pele. Enquanto o escrevemos, nosso 'leitor' é imaginário, uma figura construída em nossa mente, sem rosto, sem corpo, sem identidade. Mas no dia do lançamento aquele 'ser etérico' ganha forma, corpo e humanidade. E sabemos intuitivamente que, por menos que este indivíduo queira, ele irá fazer um julgamento sobre nosso trabalho, ainda que seja o simples "gostei ou não gostei". Milhares de coisas passam em nossa mente nesse dia: será que consegui me expressar direito? Será que há erros de revisão? Será que essa pessoa na minha frente vai conseguir me entender? Será que irá recomendar a outros? Será que todo o meu trabalho de escrever foi em vão? ... E por aí vai. Portanto, é uma questão de solidariedade ter a máxima paciência com um escritor no dia do lançamento de seu livro e fazer o que for preciso para estar lá - mesmo que seja contrariar minha tendência natural de sair do consultório e refugiar em minha casa.

Mas o outro motivo é bem menos 'nobre' e muito mais divertido: curiosidade "felina". O livro de meu amigo é um romance escrito a partir de relacionamentos íntimos que ele teve ao longo da vida - e nós já tivemos 'um casinho'. Enquanto estávamos juntos ele comentou detalhes do projeto e sei que é 'baseado em fatos reais'. Mas depois que ficamos 'só amigos' ele nunca mais falou no assunto e toda vez que eu me colocava à disposição para fazer a revisão, ele saía pela tangente. Macaca velha, tenho sérias suspeitas de que ele usou nossas noites insanas para criar pelo menos uma personagem secundária e estou mega curiosa de saber como ele retratou 'aquilo'. E se, de fato, o tiver feito - hu! hu! -  lá se vai minha fama de "moça de família"! kkkkk

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