sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Alquimia da Alma

Uma das grandes 'sacações' de Jung referente à Alquimia vem do fato de ele ter percebido que ela é mãe direta da química, como nós a conhecemos hoje, e da psicologia profunda. Enquanto os alquimistas de temperamento extrovertido perceberam que a manipulação de elementos orgânicos e inorgânicos, ao obedecerem determinadas regras, poderiam dar origem a produtos e materiais com novos usos; os introvertidos compreenderam que a simbólica alquímica referia-se a elementos arquetípicos que, manipulados e dosados através do que o próprio Jung viria a chamar depois de "Imaginação Ativa", levava a transformações profundas na estrutura da psique. E é a intimidade com esta simbólica que permite ao analista compreender o significado psicológico de um sonho, uma fantasia espontânea, ou um mito.  

Obviamente eu não guardo este conhecimento na bolsa quando saio do consultório, mas o uso diuturnamente em minha vida privada. E foi graças a ele que consegui entender quase uma 'ironia' que o inconsciente me pregou. Anteontem, antes de deitar (e não dormir!), peguei o Oráculo Sagrado das Deusas, de Kris Waldherr, e pedi a energia de uma deusa, para ritualizar na lua crescente de amanhã, que pudesse me levar de volta a meu eixo de equilíbrio. Até aquele momento apenas sabia que a energia de algum paciente havia me desorganizado, mas não sabia ainda qual seria. A carta que me veio foi "Ísis". Virei a cabeça como um cachorrinho: Ísis?! Como assim, Ísis?

A história de Ísis, Osíris e Hórus é das mais simbólicas e complexas que nos chegou do Egito: fala de invejas, traição, persistência, sacrifícios, esperança, magia, renascimento e frutos. Usualmente reporta, enquanto uso oracular, a um coração de mulher partido. Contudo, por mais que eu olhasse para cada um desses elementos, não me identificava sob influência de nenhum deles e, portanto, não conseguia entender em que direção deveria levar esta sagrada face da Mãe Divina. Não precisou mais que algumas horas para que eu compreendesse a mensagem. No post "Encruzilhadas da Vida" conto detalhadamente como 'minha vaidade havia subestimado o perigo' de ter uma paciente borderline e como isto tinha me feito mal. De uma hora para outra eu estava me sentindo 'em pedaços'. Para os conhecedores do mito (que pode ser facilmente encontrado na internet) já ficou claro em que direção o Oráculo me levou: meu ego fez as vezes de Osíris e, como um tolo, deitou-se 'confortavelmente' numa situação de risco. Tomei o que os adolescentes costumam chamar de 'lavada' do Oráculo e espero ter aprendido a lição - meus cães agradecem!

Mesmo tendo dormido bem de ontem para hoje, e estar me sentindo revigorada, ainda vou  invocar esta Sagrada Mãe amanhã em um ritual. Que o seu amor termine de me curar - assim seja, assim é!

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