quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Golpe Baixo

Minha fama de Mula Empacada na espiritualidade só perde para minha fama de braba (O Eruexim de Iansã...). E meu 'empacamento' mais antigo foi atingido por um golpe baixo (ou deveria dizer golpe EMbaixo?) na penúltima consulta de ontem. Explicando: há mais de três anos meus guias me pedem que eu escreva um terceiro livro sobre psicanálise, mas com o foco em descrições de casos para tornar o conhecimento e os conceitos que utilizo em algo mais 'palatável' para o leigo.

Da primeira vez que me pediram isto, eu respondi que não via nada de hermético no meu texto e que tudo o que havia a ser dito estava ali naquelas páginas. Não demorou muito, e alguns pacientes começaram a me dizer que às vezes levavam dias e até semanas para entender de fato algo que eu havia explicado antes. Eu coçava a cabeça e perguntava "mas não era o óbvio?" "Óbvio só depois que a gente entende", era sempre a resposta. Nisso, voltavam os guias com um 'está vendo? nós não dissemos?' - e eu respondia, rabugindo, que esta atitude me fazia lembrar minha mãe (toda mãe parece ter a mania incrustada de dizer "eu não disse?") e contra-argumentava que não havia mais o que dizer; que eu andava muito cansada; que escrever um livro era uma empreita pesada; que preciso de tempo para cuidar de mim; que sem as artes e os trabalhos manuais eu não consigo trabalhar minha psique como devo; que tenho que estar sempre fazendo rituais para circular a energia e que isto também demanda tempo; e, claro, o mais irrefutável dos argumentos: o foco é no paciente e não na teoria... Agregue-se a toda esta ladainha o fato de eu não ter a menor idéia de como escrever sobre a vida alheia, sem ferir a ética, e a mula empacava de vez.

E eu estava assim, empacadíssima no meu canto, mastigando o capinzinho arduamente pastado na lida diária com o profundo sofrimento humano, até ontem à noite. A penúltima paciente do dia é uma PhD, que já leu meus dois livros técnicos e que conseguiu entender direitinho a teoria. Mas isto não foi suficiente para ela conseguir aplicar 'na prática' aqueles conhecimentos. E ontem, depois de uma sessão pesadíssima, regada à muita dor e angústia da parte dela, consegui ajudá-la a enxergar que aquele sofrimento era passível de ser dissipado se ela levasse em conta o que já sabíamos sobre sua personalidade anterior. E, ao levar isto em conta, ela conseguiu encontrar um ponto de força na personalidade atual para fazer frente àquela dor e seguir adiante. Na saída, perguntei se ela estava melhor - não precisava, pois era evidente, mas faço esta pergunta sempre que uma sessão é muito dolorida para o paciente - e ela, olhando para mim, foi a 'emissária' do golpe baixo: "você deveria escrever mais sobre essas coisas. Eu não sei o que seria de mim se quem me atendesse não tivesse a visão reencarnacionista. Fico pensando nas pessoas que não conseguem esse tipo de profissional."

E, assim que eu fechei a porta, ainda sob o impacto daquele pedido tão coerente, eu e meu guia entabulamos o seguinte diálogo: "será que você não vai mesmo conseguir ajudar mais pessoas com algo 'menos técnico'?", ele falou à queima-roupa. "Ah!, você quer que eu escreva algo de auto-ajuda?", respondi. "Não exatamente. Você não passou o dia pensando em falar no seu blog sobre sua visão de que teoria não se sustenta sem prática? O que queremos é que você mostre para um público maior o que é realmente a prática. Nada complicado, concorda?" "Ah, não concordo não. Como é que eu vou falar da vida alheia sem ferir a ética?", argumentei. "Outros analistas conseguiram, você também vai conseguir." Hunf!, foi minha resposta antes de chegar o próximo paciente.

... eles devem ter me levado para beeem longe esta madrugada, pois há muito tempo eu não acordava tão tarde. E já acordei com a idéia de fazer artigos, com descrições de caso. Liguei para minha comadre e conversamos sobre isto e ela me lembrou - sim, TDHI perde fácil a memória de coisas óbvias! - que eu tenho um site e que posso colocar os artigos ali. E sobre o escrever a respeito da vida alheia, eu já tinha feito isto - no próprio site -, mas usei o nome real da pessoa, pois não a analisei pessoalmente, mas através de um livro que ela publicou. Mas acho que relendo aquilo eu consigo 'extrair a fórmula'.

... E como sincronicidade é tudo!, ao abrir meu e-mail vi uma mensagem do Wagner sobre a energia da semana - O Lobo. Nela ele diz : "Façamos como os lobos, e transmitamos ensinamentos aqueles que nos cercam, unindo-se a eles e vencendo dificuldades." ... depois desta só tenho uma frase para mim: "então tá, né?, Mula! Desempaca e anda!"

Nenhum comentário:

Postar um comentário