segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Terra e Espiritualidade - Um Ritual de Arrepiar!

No domingo passado, havia pensado em fazer meu ritual de Lua Nova para "semear" uma nova fase no meu desenvolvimento espiritual, trazendo a energia de Pachamama para perto da consciência (post Xamanismo - Da Teoria à Prática). Mas, com a história de atender ao antigo pedido dos meus guias (post Golpe Baixo), decidi juntar as duas coisas, pois elas não são exatamente 'diferentes'.

Olhando meu mapa, vi que se diminuísse alguns graus na conjunção que havia escolhido para trabalhar , conseguiria pegar o trânsito lunar num ponto médio entre o afastamento de uma conjunção com a Lua Natal (regente tanto de IX quanto de X) e a aproximação de um sextil com Júpiter, na cúspide de IX - numa distância de 4° para os dois lados. A Casa IX representa não somente a espiritualidade superior, mas também o conhecimento superior; e a Casa X é não somente a casa da carreira, mas também a casa do Dharma. Lógico que para conseguir isto, iria abrir mão do trânsito lunar já em Virgem - terra -, mas não desisti de reverenciar a Mãe Terra, apenas que o foco agora era pedir a ela que me ajudasse a concretizar o pedido dos meus guias, lançando no site o conhecimento que eles querem ver divulgados para os leigos - e não exatamente para os 'coleguinhas'. Só os guias sabem aonde querem chegar com isto; mas a mim cabe realizar o trabalho, ainda que isto vá me desgastar bastante, demandar muita energia e trazer alguns 'sacrifícios' em outras áreas.

Com tudo isto em foco, coloquei esta proposta para o inconsciente e deixei que outras partes do meu ser elaborassem o ritual (post Partes que Superam o Todo). E hoje, fui deixando as idéias virem. A primeira idéia que veio foi usar sementes de verdade. Como moro em casa, tenho uma gaveta com vários tipos de sementes de temperos, verduras e flores. Abri esta gaveta e peguei um punhado de saquinhos, tomando cuidado apenas de não pegar nenhuma 'espécie' repetida. Quando contei: 13! Nem vou comentar (post as De Pachamama às 13 Xamãs).

Depois resolvi que iria tentar 'minimizar' o meu sacrifício (sim, escrever não é algo 'fácil', mas demanda muita energia, tempo e, claro, dores musculares!) através de uma taça de vinho e de um amarílis em flor que iria colher do canteiro (amarílis não é flor de corte e eu, pessoalmente, tenho muita pena de colher qualquer flor do canteiro, mesmo 'de corte' - claro que o sacrifício maior aqui foi da flor mas, acreditem, também 'doeu' em mim!). Aos poucos fui percebendo que o inconsciente realmente tinha feito a parte dele e montado um ritual muito forte.

Comecei com uma 'preparação'  do canteiro aonde iria colocar sementes. Ao regá-lo, repetia, em voz alta, um mantra que surgiu na hora: "Mãe Terra, eu rego seu ventre com meu amor". Depois, peguei uma bacia de cinzas e fui jogando sobre o canteiro, repetindo outro mantra: "Mãe Terra, eu fertilizo seu presente com o meu passado." Depois peguei os 'papéis da quinzena' (queimo de todo e qualquer lixo de papel - é minha forma de transformar o que iria para um lixão em adubo), coloquei para queimar e repeti algumas vezes, enquanto contemplava as chamas: "Que o Fogo Sagrado possa transformar o negativo em mim em positivo. Que este Fogo Criativo aqueça meu coração e ilumine minha alma."

Voltei, então, para dentro de casa, aonde havia montado um altar. Invoquei os elementos focando no objetivo do ritual, e não apenas pedindo a formação de um Círculo Sagrado - e comecei a arrepiar da cabeça aos pés, tão forte a energia. Para isto eu ia pegando na mão um objeto que representava cada um dos elementos e fazendo uma invocação, voltada às direções. Não sei se vou conseguir reproduzir exatamente as palavras - e menos ainda a força -, mas vou tentar porque esta é uma daquelas coisas que sinto necessidade urgente de compartilhar (post O Olhar do Outro)

Terra: "Que a Terra dê solidez e base para o meu trabalho mágico. Que Ela seja a força que ancora minha espiritualidade e meu trabalho criativo. Que esta Terra Sagrada, sobre a qual caminho, possa receber as sementes do meu conhecimento e fertilizá-las. Eu sei, Senhora, que as sementes que lhe lanço, a Ti pertencem. Algumas se perderão ao vento; outras morrerão no solo; algumas fertilizarão e morrerão em seguida; outras sementes brotarão. Mas pertencem a Ti e não a mim. E ainda que eu jamais veja o destino de qualquer uma delas, peço, Mãe Terra, que as receba em Seu Ventre." (Para representar o elemento, selecionei uma bola de cristal com rutilo.)

Fogo: "Que este Fogo Sagrado seja a luz que me guia. Que Ele ilumine minha espiritualidade e acalente minha alma. Que Ele aqueça as sementes que lanço ao Ventre da Mãe Terra e desperte sua força criativa." (Para representar o elemento, selecionei uma vela de sete dias e uma outra comum, vermelha)

Água: "Que esta Água Sagrada mitigue a sede da Mãe Terra e fertilize as sementes que lhe lanço. Que esta Água Divina verta para mim, purifique meu emocional e lave meu coração com o puro amor da Espiritualidade Superior." (Para representar o elemento, uma taça de água.)

Para o Ar: "Que o Vento Sagrado seja meu mensageiro e me traga o conhecimento que preciso. Que ele possa ser o hálito que ativa a brasa de minha espiritualidade. Que ele me dê a leveza necessária para lançar com amor estas sementes no Ventre da Terra." (Para representar o elemento, um incenso de Palo Santo.)

Depois coloquei três músicas da Carolyn Hillyer para tocar, e as dancei uma a uma. "Song of Thorn" é uma música de proteção e a selecionei porque, desde que a ouvi pela primeira, ela me passa o sentimento muito familiar de "andar por um caminho invisível, cantar uma música silenciosa, dançar uma dança intangível; pois nada no meu mundo é 'visível' ou 'audível'." Selecionei também "The Winter Book", pois ela canta o Espírito da Mudança (Tove) e descreve a passagem do inverno para a primavera. Por último, selecionei novamente "Eight Bead Chant", pois foi nesta música que encontrei a Mulher Terra (ver post).

Terminada a dança, ergui o píres com as sementes e declarei: "Que estas sejam as sementes de minha espiritualidade e de meu trabalho criativo. Que elas sejam lançadas no Ventre da Mãe Terra e que encontrem, cada uma o destino que a Mãe lhe decretar." Depois ergui a taça de vinho e declarei: "Que meu sacrifício seja doce e suave, como é este vinho."

Voltei para o canteiro e enquanto espalhava as sementes, repetia: "Mãe Terra, semeio o meu futuro com o teu presente e o meu presente com o teu futuro." Depois, bebi um gole do vinho e verti o restante nos quatro cantos do canteiro, repetindo: "Que meu sacrifício seja doce e suave, como é este vinho." Voltei para dentro e finalizei o ritual.

A parte inicial do ritual durou cerca de vinte minutos; e a segunda parte, desde o momento das invocações até a abertura do círculo, 35 minutos. E foi nesta última parte que vivi algo não muito comum: durante cada um dos minutos, a energia me invadia em ondas e me arrepiava dos pés à cabeça. Mas não de uma forma incômoda, mas como uma onda de prazer. E a alegria espiritual resultante permaneceu comigo durante todo o dia, me enchendo de emoção à simples lembrança.

... Para 'aterrar', depois do ritual, fui para a casa dos meus pais. Vesti um vestidinho simples,antigo, alcinha, que minha mãe já deve ter visto muitas vezes. Mas quando ela abriu a porta, olhou para mim e exclamou: "nossa!, como você está linda! Este vestido é novo?" Respondi que não e fiquei rindo por dentro, pensando com meus botões: "As mulheres bem que podiam aprender que a Beleza é algo que vem do Amor Divino e não da roupa..."


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